Prefeitura vai abrir leitos após fechamento "irreversível" de ala da Santa Casa
A Secretaria Municipal de Saúde está elaborando um plano de contingência para a absorção dos pacientes
Nesta quarta-feira (12), a Santa Casa de Campo Grande fez uma nova reunião em que foi proposta pela gestão municipal que a unidade hospitalar mantivesse a ala psiquiátrica com recurso adquirido em Brasília para "uso geral". A proposta foi negada pelo hospital. Para a Santa Casa, no momento, a decisão é irrevogável, ou seja, a ala não será reaberta e prefeitura alega que vai abrir novos 20 leitos na própria rede.
William Lemos, diretor-geral da unidade, explicou que os pacientes que ainda estão internados vão continuar sendo tratados até que seja concluído o processo, mas que os novos não serão admitidos.
“Isso não foi aceito e fomos enfáticos que o serviço de psiquiatria não faz parte da vocação da Santa Casa. Durante todo esse ano, vários ofícios foram enviados para a prefeitura, para que fosse resolvido essa situação, nada aconteceu. Neste momento, a decisão da Santa Casa é irrevogável”, disse.
O encontro contou com a presença da secretária-adjunta de saúde, Rosana Leite, e do secretário de Estado da Casa Civil, João Eduardo Barbosa Rocha. William acrescenta que o dinheiro foi para o Fundo Municipal de Saúde, e por isso a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) teria feito a proposta.
“Por causa de portarias e regras ministeriais, o dinheiro vem para a prefeitura. O serviço de psiquiatria desde a reativação foi mantido com um contrato à parte, onde eram destinadas verbas específicas para esse serviço. Desde dezembro de 2022, não temos um novo contrato, habilitação e nem somos pagos por esse serviço. Não seria justo usar a verba que conseguimos para outros fins apenas para custear esses serviços que a Sesau não vem honrando com o pagamento”, disse.
A reportagem procurou a Sesau para esclarecimento do impasse. Em resposta, a secretaria disse que esteve em tratativas constantes desde o final do ano passado com a Santa Casa para manter o serviço.
"Entendendo o exposto pelo hospital, que alega que a área não é de sua vocação, a secretaria está elaborando um plano de contingência para a absorção dos pacientes que poderiam ser internados no local. Assim, além das tratativas com outros hospitais visando ampliar os leitos psiquiátricos, dentre eles o Hospital Nosso Lar, a Sesau planeja abrir 20 novos leitos na rede própria".
Relembre - A ala psiquiátrica da unidade fechou para novos pacientes no dia 1º de julho, entretanto, manteve o atendimento para os sete que ainda estão em tratamento. Ao todo, foram 21 leitos fechados. Ela foi reaberta em dezembro de 2021 e conforme já publicado pelo Campo Grande News, a Sesau afirmou que ofereceu um repasse de R$ 1,5 milhão para manter o serviço, mas a proposta foi recusada pela instituição hospitalar.
À reportagem, na quinta-feira (6), a assessoria da Santa Casa justificou a desativação da ala psiquiátrica devido à falta de recursos, alegando que não há pactuação com a Sesau desde dezembro de 2022 para essa especialidade.
Para Rosana Leite, a própria instituição não tem mais interesse em prestar serviço na área de psiquiatria e justifica o fechamento pela falta de repasse da prefeitura.
"Não querem atender por questão de vocação, não exclusivamente por causa da falta de repasse", disse a adjunta à reportagem. A sinalização de falta de interesse foi dada durante uma das reuniões entre a Sesau e a instituição que Rosana Leite participou pouco depois de assumir o cargo, em dezembro de 2022.