Presa há 523 dias, mãe de Sophia quer ser julgada longe de padastro da menina
Defesa de Stephanie de Jesus da Silva desistiu de recorrer contra sentença que mandou casal a júri
Stephanie de Jesus da Silva, de 25 anos, mãe de Sophia Ocampo, que morreu aos 2 anos e 7 meses, quer ser julgada longe do padrasto da menina, Christian Campoçano Leitheim, 27, acusado de espancar a criança até a morte. A ré externou a intenção, através da defesa, em nova manifestação apresentada à Justiça nesta segunda-feira (1º), desistindo do recurso contra a sentença que mandou o casal a júri popular.
As advogadas Camila Garcia de Rezende, Katiussa do Prado Jara e Herika Cristina doa Santos Ratto pedem ainda que que o processo seja desmembrado e o júri para Stephanie seja marcado. A mãe está presa há 523 dias – desde o dia 26 de janeiro do ano passado, quando levou a filha até a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Bairro Coronel Antonino já sem vida, segundo a acusação.
“A defesa técnica reconheceu a perda do objeto do recurso, com isso a consequência lógica é que o processo seja desmembrado e marcado o júri dela, para se evitar a morosidade processual”, afirmou Camila Rezende ao Campo Grande News.
Na manifestação, as defensoras reconhecem o recurso como intempestivo – quando proposto fora do prazo legal –, conforme alegou o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) para derrubar os argumentos da defesa contra a acusação. “Logo, por se tratar de questões processuais, forçoso reconhecer a desistência recursal por parte da defesa, diante da intempestividade do recurso”.
As advogadas também pedem que o processo seja separado, uma vez que a defesa de Christian também apresentou recurso, ainda pendente de julgamento. “Ademais, ao menos em relação a pronunciada, a demora está causando prejuízos, vez que, o recurso foi distribuído em 2ª Instância em 04/04/2024, sendo que a última analise da revisão da sua prisão ocorreu em 06/04/2024. Resta visível, portanto, que a separação do feito é medida que se impera no caso em testilha”.
A acusação – Na tarde do dia 26 de janeiro deste ano, a menina deu entrada na UPA do Coronel Antonino, no norte de Campo Grande, já sem vida. Inicialmente, a mãe, Stephanie, que foi até lá sozinha com a garota nos braços, sustentou versão de que ela havia passado mal, mas investigação médica encontrou lesões pelo corpo, além de constatar que a morte havia ocorrido cerca de quatro horas antes da chegada ao local.
O atestado de óbito apontou que a menininha morreu por sofrer trauma raquimedular na coluna cervical (nuca) e hemotórax bilateral (hemorragia e acúmulo de sangue entre os pulmões e a parede torácica). Exame necroscópico também mostrou que a criança sofria agressões há algum tempo e tinha ruptura cicatrizada do hímen – sinal de que sofreu violência sexual.
Para a investigação policial e o MP, a menina foi espancada até a morte pelo padrasto, depois de uma vida recebendo “castigos” físicos.
Para mandar o casal a júri, o juiz Aluízio Pereira dos Santos trouxe na sentença trecho do depoimento do perito Fabrício Sampaio Morais de Paiva para grifar a crueldade aplicada contra a vítima. Veja:
Versões – Stephanie alega que não viu Christian batendo em Sophia, mas atribui a morte da filha ao ex-companheiro. “Quando eu saí, ele já estava com ela no colo, desacordada. Ele deitou ela no colchão e fez massagem cardíaca, respiração boca a boca nela. Mas, eu estava tão desesperada que eu não sabia o que fazer, que eu não me toquei na hora o que estava acontecendo”, relatou no dia 5 de dezembro.
Já Christian alega que dormiu o dia todo sob efeito de drogas e álcool. Disse que foi despertado pela mulher. “Quem me acordou foi a Stephanie falando que a Sophia não estava bem. Quando eu vi, ela já estava com a boca roxa e convulsionando”.
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