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Capital

Presa há 523 dias, mãe de Sophia quer ser julgada longe de padastro da menina

Defesa de Stephanie de Jesus da Silva desistiu de recorrer contra sentença que mandou casal a júri

Por Anahi Zurutuza | 02/07/2024 18:41
Stephanie de Jesus da Silva durante depoimento no dia 5 de dezembro do ano passado (Foto: Ana Beatriz Rodrigues/Arquivo)
Stephanie de Jesus da Silva durante depoimento no dia 5 de dezembro do ano passado (Foto: Ana Beatriz Rodrigues/Arquivo)

Stephanie de Jesus da Silva, de 25 anos, mãe de Sophia Ocampo, que morreu aos 2 anos e 7 meses, quer ser julgada longe do padrasto da menina, Christian Campoçano Leitheim, 27, acusado de espancar a criança até a morte. A ré externou a intenção, através da defesa, em nova manifestação apresentada à Justiça nesta segunda-feira (1º), desistindo do recurso contra a sentença que mandou o casal a júri popular.

As advogadas Camila Garcia de Rezende, Katiussa do Prado Jara e Herika Cristina doa Santos Ratto pedem ainda que que o processo seja desmembrado e o júri para Stephanie seja marcado. A mãe está presa há 523 dias – desde o dia 26 de janeiro do ano passado, quando levou a filha até a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Bairro Coronel Antonino já sem vida, segundo a acusação.

“A defesa técnica reconheceu a perda do objeto do recurso, com isso a consequência lógica é que o processo seja desmembrado e marcado o júri dela, para se evitar a morosidade processual”, afirmou Camila Rezende ao Campo Grande News.

Na manifestação, as defensoras reconhecem o recurso como intempestivo – quando proposto fora do prazo legal –, conforme alegou o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) para derrubar os argumentos da defesa contra a acusação. “Logo, por se tratar de questões processuais, forçoso reconhecer a desistência recursal por parte da defesa, diante da intempestividade do recurso”.

As advogadas também pedem que o processo seja separado, uma vez que a defesa de Christian também apresentou recurso, ainda pendente de julgamento. “Ademais, ao menos em relação a pronunciada, a demora está causando prejuízos, vez que, o recurso foi distribuído em 2ª Instância em 04/04/2024, sendo que a última analise da revisão da sua prisão ocorreu em 06/04/2024. Resta visível, portanto, que a separação do feito é medida que se impera no caso em testilha”.

A acusação – Na tarde do dia 26 de janeiro deste ano, a menina deu entrada na UPA do Coronel Antonino, no norte de Campo Grande, já sem vida. Inicialmente, a mãe, Stephanie, que foi até lá sozinha com a garota nos braços, sustentou versão de que ela havia passado mal, mas investigação médica encontrou lesões pelo corpo, além de constatar que a morte havia ocorrido cerca de quatro horas antes da chegada ao local.

O atestado de óbito apontou que a menininha morreu por sofrer trauma raquimedular na coluna cervical (nuca) e hemotórax bilateral (hemorragia e acúmulo de sangue entre os pulmões e a parede torácica). Exame necroscópico também mostrou que a criança sofria agressões há algum tempo e tinha ruptura cicatrizada do hímen – sinal de que sofreu violência sexual.

Para a investigação policial e o MP, a menina foi espancada até a morte pelo padrasto, depois de uma vida recebendo “castigos” físicos.

Para mandar o casal a júri, o juiz Aluízio Pereira dos Santos trouxe na sentença trecho do depoimento do perito Fabrício Sampaio Morais de Paiva para grifar a crueldade aplicada contra a vítima. Veja:

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Versões – Stephanie alega que não viu Christian batendo em Sophia, mas atribui a morte da filha ao ex-companheiro. “Quando eu saí, ele já estava com ela no colo, desacordada. Ele deitou ela no colchão e fez massagem cardíaca, respiração boca a boca nela. Mas, eu estava tão desesperada que eu não sabia o que fazer, que eu não me toquei na hora o que estava acontecendo”, relatou no dia 5 de dezembro.

Já Christian alega que dormiu o dia todo sob efeito de drogas e álcool. Disse que foi despertado pela mulher. “Quem me acordou foi a Stephanie falando que a Sophia não estava bem. Quando eu vi, ela já estava com a boca roxa e convulsionando”.

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