Presos prometem reavaliar greve de fome após visita de advogados
Advogados afirmam que vão repassar à OAB nesta sexta-feira (19) problemas relatados pelos detendos durante a visita
O grupo de presos em greve de fome na Penitenciária de Regime Fechado da Gameleira, em Campo Grande, foi visitado na tarde desta quinta-feira (18) por quatro advogados que conversaram e prometeram levar à diante as reivindicações deles. A greve já dura seis dias, já que começou no sábado (13) passado.
Conforme um dos advogados que foram ao local, Paulo Macena, os presos prometerem reavaliar a greve e podem encerrá-la ainda hoje. "Eles se sentiram bem seguros e sabem que foram ouvidos, mesmo que só nós tenhamos ido até lá. Pedimos para que voltem a aceitar a alimentação, para o bem da saúde deles", comenta.
Macena conta ainda que recebeu um 'dossiê' dos internos do local, inaugurado em 2019, e que tudo será transformado em documento a ser documentando na comissão de Direitos Humanos da seccional local da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).
O protocolo na OAB deve ser feito no início da tarde dessa sexta-feira (19). Outros órgãos de direitos humanos devem ser acionados, explica Paulo, além do Ministério Público. "A direção do presídio nos recebeu bem e nos permitiu acesso a todos pavilhões. Pudemos conferir tudo e ouvir todos as reivindicações".
Enfraquecimento - Conforme apurado pela reportagem, a greve de fome perdeu força depois que pelo menos 150 dos 550 internos passaram a recursar as refeições do presídio como forma de protesto. Os presos fazem várias reivindicações.
Ontem à noite, apenas parte dos detentos que ficam nas celas do Pavilhão 1 recursaram o jantar e hoje pela manhã, alguns deles não quiseram o café da manhã. "Eles pegam duas marmitas e dividem entre todos da cela. Tipo, duas para cada oito", afirmou um servidor, que pediu para ter o nome preservado.
Familiares dos detentos alegam que o tratamento da unidade "é totalmente desumano". Companheira de um presidiário, que pediu para não ter o nome divulgado, afirma que o pedido de socorro chegou por bilhete, enviado por outro detento, através do advogado.
"Muitos presos não têm colchão e nem uma coberta pra dormir em cima. A água para beber e tomar banho é quente. Totalmente desumano". Ela afirma que como as visitas estão suspensas, famílias também estão impedidas de levar alimentos para os internos.
PCC - O Campo Grande News apurou, porém, que a greve de fome começou antes, estimulada por lideranças do PCC (Primeiro Comando da Capital) na unidade. A Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) confirma que o protesto foi mobilizado pela facção e estima que cerca de 150 detentos tenham aderido.
"Desde o sábado [dia 13], um grupo formado por lideranças negativas passou a recusar as refeições oferecidas, exigindo que sejam autorizadas algumas regalias na penitenciária, entre elas televisores nas celas", diz a nota.