ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
DEZEMBRO, QUARTA  25    CAMPO GRANDE 22º

Capital

Procon vai às agências da Caixa diante de risco à saúde em filas imensas

Na fila de mais de mil pessoas na Gunter Hans trabalhadora diz que “pobre está acostumado”, mas Procon cobra explicação

Izabela Sanchez e Danielle Errobidarte | 04/05/2020 11:46
Fiscal do Procon municipal percorre a agência da Caixa na Avenida Gunter Hans (Foto: Marcos Maluf)
Fiscal do Procon municipal percorre a agência da Caixa na Avenida Gunter Hans (Foto: Marcos Maluf)

Nesta manhã (4) fiscais do Procon (Superintendência de Orientação e Defesa dos Direitos do Consumidor) estadual e municipal percorrem 4 agências da Caixa Econômica Federal para fiscalização. Nesses locais, filas imensas superam as mil pessoas e ultrapassam quadras com trabalhadores à espera de atendimento para receber o auxílio emergencial.

Os fiscais estão aplicando notificações nessas agências. É o caso, por exemplo, da unidade da Avenida Gunter Hans. “A gente que é pobre está acostumada a ficar em fila e a andar muito”. É o que falou Elizabeth Dias Alves, 49, que enfrenta fila que contorna todas as quadras ao redor da agência, a espera de chegar sua vez para receber o auxílio emergencial do governo, mas teme pelo risco à saúde com a aglomeração e o risco de contágio do novo coronavírus.

Superintendente do Procon estadual, Marcelo Salomão afirma que além dessa unidade, a agência da Rua Barão do Rio Branco, Avenida Afonso Pena e Coronel Antonino serão notificadas. A Caixa terá de explicar a aglomeração, pois o Procon vê risco à saúde dos trabalhadores.

A lotação da espera do auxílio não é exclusividade dessas unidade da caixa. Na Avenida Julio de Castilho, por exemplo, as pessoas também formam linha que ultrapassa uma quadra.

O vídeo acelerado dá o tom da quantidade de gente à espera de atendimento na Caixa da Avenida Gunter Hans, confira:



Na Gunter Hans, enquanto esperava, Elizabeth contou que vive em assentamento fora da zona urbana da cidade, já na saída para Sidrolândia, e relata que precisou dormir na casa de uma amiga, que vive perto da agência da Caixa, para ir até o local nesta segunda. Ela também não tem acesso à internet para baixar o aplicativo.

“É dose ficar todo esse tempo em pé, mas não tem o que fazer”, comentou ela, que critica a falta de fiscalização para manter o distanciamento entre as pessoas.

Entre os de os trabalhadores em busca do socorro financeiro há também quem aproveita para vender aquilo que lucra com o público que espera no sol. Ivanir Cardoso, 56, trabalha junto com a esposa. Os dois vendem garrafinhas de água e afirma que ao chegarem por ali, às 5h30, ouviram que a primeira pessoa da fila chegou para o atendimento às 1h30.

Ivanir vende água, mas não estava de máscara para trabalhar (Foto: Marcos Maluf)
Ivanir vende água, mas não estava de máscara para trabalhar (Foto: Marcos Maluf)

“É sempre cheio”, diz. A única medida que é feita para conforto é para os idosos e demais pessoas do público preferencial, a exemplo das mulheres grávidas. Segundo o vendedor, fiscais tentam acomodar essas pessoas na sombra.

Entre as pessoas que ocupam o imenso cordão humano, há quem sequer consiga baixar o aplicativo do auxílio, por não ter celular preparado ou por viver na zona rural sem internet. Outras buscam as agências para serviços comuns, mas não conseguem acesso ao caixa eletrônico porque o auxílio emergencial é priorizado.

Nivalda só procurou a Caixa para receber o seguro desemprego, mas enfrentou fila imensa (Foto: Marcos Maluf)
Nivalda só procurou a Caixa para receber o seguro desemprego, mas enfrentou fila imensa (Foto: Marcos Maluf)

É o caso Zulmira Alvarenga, 41, que é dona de casa e tenta pela segunda vez fazer um depósito para pagar a prestação da casa onde vive.

“Viemos na quinta e falaram para vir novamente, falam que priorizam quem iria receber o auxílio e pediram para vir novamente”, disse ela, que, acompanhada do marido, disse “que vai desistir de fazer hoje”. “É a segunda vez que venho e ninguém resolve nada”, comenta.

Nivalda Ribeira, 63, dona de casa, também busca outro serviço, o seguro desemprego. Ela foi com o marido, que também é idoso e por isso conseguiu ser chamado para atendimento.

Nos siga no Google Notícias