Promotoria cobra mais cirurgiões no Pronto-Socorro do Regional
O Hospital não realiza concurso desde 2014; Seleção com 272 cargos foi autorizada
A falta de médicos cirurgiões em número suficiente no quadro do Hospital Regional Rosa Pedrossian provoca "furos" nos plantões e, por vezes, prejudica os atendimentos emergenciais. A situação motivou a abertura de um inquérito civil pela 32.ª Promotoria de Justiça de Campo Grande, especializada na área da saúde.
A promotora Daniella Costa da Silva investiga o assunto desde o novembro do ano passado, mas somente esta semana instaurou um inquérito civil. Nesse período, por mais de uma vez cobrou informações atualizadas sobre os atendimentos e as soluções para não haver faltas na escala. O assunto chegou ao Ministério Público após uma denúncia, de que a ausência de cirurgião no Pronto-Socorro acabava interferindo no trabalho de outros médicos e, no final das contas, nos atendimentos.
O Hospital tem 21 profissionais desta área, conforme documentos incluídos no inquérito. Ele forma as equipes de socorristas e emergencistas para o Pronto-Socorro sem destacar quais as especialidades. Quando chegam os pacientes, faz-se a triagem e os casos cirúrgicos são estabilizados e remetidos para cirurgiões do plantão. A alegação é que o número insuficiente força o cirurgião a permanecer somente no centro cirúrgico sem haver outro profissional para ajudar no recebimento e encaminhamento dos pacientes e estabilização dos que precisam de cirurgia, situação que tornaria difícil a tarefa dos outros plantonistas e o próprio fluxo na chegada das pessoas.
O hospital enviou a relação de todos os plantões de cada médico ao longo de meses e informações de atendimentos. Nos períodos de dezembro de 2022 e janeiro deste ano, foram 4.338 pacientes, sendo 3.643 Adultos e 695 Pediátricos. Do grupo de pacientes adultos atendidos, 1.536 eram casos Clínicos, 1.093 Cirúrgicos e 1.012 Ginecológicos.
Por solicitação da promotora, o CRM/MS (Conselho Regional de Medicina) fez uma vistoria no HR no começo de dezembro e confirmou a dificuldade, apontando que para a situação não persistir, o quadro deveria ser ampliado. Entre as informações incluídas no inquérito, consta que o ideal seria contar com mais dez cirurgiões. Por uma resolução do Conselho Federal de Medicina, de 2014, sempre deve haver mais de um cirurgião na realização de uma cirurgia.
A última vez que houve seleção no Regional foi no ano de 2014. Atualmente, a instituição não tem concurso válido e nem mesmo concursados a nomear. Consta entre a documentação incluída no inquérito que houve redução do quadro por aposentadorias, morte por covid-19 e até mesmo médicos que contraíram a doença e ficaram afastados por sequelas.
Em abril do ano passado, chegou a ser publicada no Diário Oficial a autorização pelo então governador, Reinaldo Azambuja, para a realização do concurso, com 44 vagas para médicos e, no total, 272 para o hospital, sendo profissionais de saúde, técnicos e até limpeza.
Mesmo com o apontamento da necessidade do concurso, em mais de um momento a promotora cobrou da Direção o apontamento de medidas para solucionar o problema. Por meio de nota, a direção do HR informou à reportagem que pediu autorização ao governo para contratar médicos para regularizar as escalas de plantão e aguarda a realização do concurso. A Secretaria de Administração foi procurada para falar sobre o concurso, enviando os dados eles serão acrescentados na matéria.