Protestos no lixão atrasam coleta de lixo em vários bairros da Capital
Parte da coleta de lixo em Campo Grande está atrasada e, apesar do feriado da Semana Santa, a situação deve ser normalizada dentro dos próximos três dias. O problema, segundo a concessionária do setor, a Solurb, resulta das recentes manifestantes de catadores de recicláveis, descontentes com o fechamento de uma parte do lixão, onde atuavam.
A Solurb informou que o bloqueio impediu a passagem dos caminhões de lixo “que não puderam descarregar e voltar para finalizar a coleta”. Desde segunda-feira (21), a rota ficou incompleta e em alguns bairros a coleta não foi realizada.
O protesto dos catadores impediu a coleta de lixo, inclusive a seletiva em toda a cidade. A previsão é de que o serviço seja restabelecido nos próximos dias.
Nesta quinta-feira (24), a Solurb informou que a coleta acontece normalmente no setor cinco, que abrange os bairros Monte Castelo, Vila Nasser, Jardim Seminário, José Abrão, Jardim Carioca, Nova Campo Grande, Jardim Aeroporto, Indubrasil, União, São Conrado, Santa Emília, Caiobá, Pênfigo, Centenário e Guanandi.
A Solurb informou que nos bairros onde não foi realizada a coleta regular, será seguida a agenda e o próximo dia de serviço será cumprido. A cidade é dividida em cinco setores com coletas diárias ou três vezes por semana (segunda, quarta e sexta; e ainda terça, quinta e sábado), durante o dia e a noite.
Os bairros que tiveram suspensão ou serviço parcial entre segunda-feira (21) e ontem (23), a coleta será realizada normalmente entre hoje (24) e sábado (26). Já o serviço de limpeza das ruas não sofreu suspensões durante os protestos e acontece normalmente nesta quinta-feira.
Problema – Ontem (23), a vice-governadora e secretária de Estado de Assistência Social, Rose Modesto (PSDB), se reuniu com os catadores que mantinham o bloqueio em frente ao lixão. O encontro durou apenas 15 minutos, mas foi o suficiente para que o grupo se comprometesse a não realizar novos protestos no local, pelo menos até segunda-feira (28), quando uma reunião será realizada com a Defensoria Pública.
O encontro entre catadores e a Defensoria deve ser intermediada pela vice-governadora Rose Modesto em decorrência de queixas de “morosidade” e “falta de interesse” do órgão em resolver os problemas dos trabalhadores, nas palavras deles próprios.
Além disso, Rose se comprometeu a fazer um levantamento para detectar quem está apto ou não para ser assistido pelo Vale Renda, que atende famílias e situação de vulnerabilidade socioeconômica, com um axílio mensal no valor de R$ 170.
“Quero dizer que não tenho a intenção de se envolver nas questões entre a empresa e a Prefeitura, mas como secretária, interceder por essas pessoas”, comentou.
Ao fim, a vice-governadora tranquilizou os catadores e pediu para que eles tenham paciência, tendo em vista que, neste momento, é preciso respeitar decisão do Ministério Público Estadual e da Justiça para que eles não retornem para o aterro.
Histórico – Uma liminar, concedida em ação civil proposta pela Defensoria Pública em dezembro de 2012, permitia o acesso ao aterro sanitário Dom Antônio Barbosa. A medida foi deferida pelo tempo que durasse o atraso na construção da UTR (Usina de Triagem de Resíduos).
Contudo, como a obra foi 100% concluída, a área de transição foi fechada. A decisão também foi do juiz da 1ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, Marcelo Ivo de Oliveira. O magistrado autorizou ação policial nos dias 28 e 29 de fevereiro para impedir manifestações.
A UTR foi inaugurada em agosto de 2015. Mas, segundo o representante dos catadores, são somente 88 funcionários, que recebem o lixo da coleta seletiva. Ele calcula que mais de 700 pessoas sobrevivam com a renda obtida na área de transição, sendo 429 “empregos” diretos e 300 pessoas que auxiliam da separação à venda do material reciclável. Em média, a remuneração é de R$ 100 por dia.
Fechado no fim de 2012, após 28 anos em operação, o lixão foi reaberto por força de decisão judicial em janeiro de 2013. O pedido partiu da Defensoria Pública, que alegou que as pessoas ficaram sem fonte de renda. Com a reabertura, foi definida uma área de transição, com descarte dos resíduos ante de ser encaminhado ao aterro.