ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, SEXTA  22    CAMPO GRANDE 31º

Capital

Relatório do MPE constata que 31% dos peixes do Aquário morreram

Ricardo Campos Jr. | 06/09/2015 09:35
Relatório do MPE aponta que peixes que sobraram na quarentena podem viver por tempo indeterminado (Foto: Fernando Antunes)
Relatório do MPE aponta que peixes que sobraram na quarentena podem viver por tempo indeterminado (Foto: Fernando Antunes)

Dúvidas e informações desencontradas sobre os peixes do Aquário do Pantanal levaram o MPE (Ministério Público Estadual) a fazer uma vistoria detalhada no projeto de quarentena. O relatório, anexado no inquérito que apura falhas na manutenção dos espécimes, aponta os problemas físicos e documentais da estrutura. Conforme o estudo, 6.111 animais entre os 19.713 coletados morreram, o que representa 31% do todo.

O documento é assinado pelo biólogo Rafael Cézar Cavaretto e pelo engenheiro ambiental Anderson Teodoro, ambos servidores do Daex (Departamento Especial de Apoio às Atividades de Execução). Eles estiveram nos galpões montados na sede da PMA (Polícia Militar Ambiental) no começo de julho.

Conforme o levantamento, a metade dos óbitos está ligada a doenças. Outros 834 não se adaptaram às condições de cativeiro e 1.683 não resistiram ao transporte, alguns destes haviam sido comprados e devem ser repostos pela empresa que os vendeu ao governo.

Esse índice é bem menos alarmante que os 80% que constava no relatório da Anambi, empresa inicialmente contratada para cuidar da quarentena. Os técnicos apontam que, se continuarem sendo oferecidos os mesmos cuidados com alimentação, ambientação dos tanques e tratamento de doenças, os peixes que sobraram podem sobreviver indeterminadamente, ainda que hajam mortes esporádicadas.

Alguns dos aquários na quarentena não têm informações básicas sobre os peixes (Foto: Vanessa Tamires)
Alguns dos aquários na quarentena não têm informações básicas sobre os peixes (Foto: Vanessa Tamires)

Problemas – Foi constatado pelos técnicos que a água que sai dos tanques para o meio ambiente não está sendo tratada devidamente, pois a bomba de cloro que ajudava a purificar o líquido está quebrada. Dessa forma, a Bacia do Prosa pode estar sendo contaminada.

Além disso, as telas colocadas nos canos de expurgo dos tanques, para evitar que os espécimes menores saiam, são insuficientes para barrar ovos, larvas, alevinos e microorganismos. Vale lembrar que alguns exemplares são de outros países e o contato deles com o meio ambiente local poderia gerar grandes danos.

Também foi levantado pelos servidores que dentro dos galpões existem vários equipamentos de laboratório comprados para os trabalhos de pesquisa que estão encaixotados. Alguns deles servem para analisar os exemplares mortos no intuito de evitar novos óbitos, além de gerar conhecimento sobre o cuidado com os animais.
Alguns tanques não têm informações detalhadas sobre os animais que contêm, como local de captura, número de indivíduos, etc.

A licença para o funcionamento do projeto está irregular, na visão dos especialistas. Segundo eles, o documento disponível no local autoriza a captura e transporte dos peixes e não inclui o armazenamento e cuidados em cativeiro.

Governo estuda descarte de espécimes maiores (Foto: Marcelo Calazans / arquivo)
Governo estuda descarte de espécimes maiores (Foto: Marcelo Calazans / arquivo)

Soluções – Em resposta à pesquisa, o Governo do Estado encaminhou um plano de metas ao MPE disposto a resolver as situações. Segundo o documento, já foi firmado convênio com a Águas Guariroba para que a água que sai dos tanques seja despejada na rede de esgoto e tratada pela empresa.

Os trabalhos devem ficar prontos em 30 dias. O MPE questiona o prazo, tendo em vista que ele é suficiente para prejudicar o meio ambiente.

O Imasul também se compromete a elaborar planilha para organizar os dados de cada aquário. Também foram adquiridas três bombas de calor para manter as temperaturas da água, duas a mais que o mínimo apontado pelos técnicos.

Polêmica – O governo levantou a hipótese de descartar os 29 peixes de espécies maiores, pois eles geram altos custos e são fáceis de capturar no momento oportuno, já que não há prazo para a conclusão das obras.

A medida desagradou o MPE, que convocou uma reunião com Jaime Verruck, diretor-presidente do instituto, para discutir o plano de metas. O encontro será nesta quarta-feira (2) na 26ª Promotoria. O Campo Grande News tentou contato com o Jaime Verruck e com a assessoria de imprensa do Imasul, mas nenhum deles atendeu as ligações.

Nos siga no Google Notícias