Risco de contaminação aumenta na medida em que filas crescem na Capital
Campo-grandenses parecem ter se esquecido da orientação de distanciamento mínimo para evitar contaminação pelo coronavírus
Com a limitação de público dentro dos estabelecimentos comerciais para evitar a propagação do coronavírus, o problema agora parece estar do lado de fora dos prédios. São as inúmeras filas formadas ao redor de lojas, farmácias, bancos, casas lotéricas, na maioria das veze, sem distanciamento mínimo de 1.5 metros recomentado pelos especialistas.
A agente dos Correios Silvana Aparecida, de 54 anos, por exemplo, era a número 50 em uma fila formada ao redor de agência bancária na Rua Barão do Rio Branco na tarde desta terça-feira (7). Ela conta ter saído de casa pela primeira vez desde o início do período de isolamento social para poder sacar o benefício do INSS. A escolha do instituição bancária não é feita pelo beneficiário e por esse motivo ela teve de ir até lá mesmo com “medo”, como ela mesmo diz. “Não queria sair de casa, mas as coisas apertaram e eu precisava dinheiro”.
Ela considera a fila “absurda”. “Esperei sete dias por medo de sair de casa, mas chega uma hora que não tem mais jeito. Tive que vir, mas cheguei preparada”, conta exibindo a máscara e o álcool gel na bolsa.
Silvana conta que passa o produto toda vez que sai do carro e ao entrar em contato com qualquer superfície que possa estar contaminada repete o procedimento.
O mecânico de refrigeração Josimar Pinheiro, de 33 anos, resume a fila como um período de “tédio”. Ele também foi até o banco para sacar o benefício e se mostrou preocupado com a quantidade de pessoas próximas umas das outras. “Os funcionários controlam o acesso no interior da agência, mas o restante fica todo aglomerado”, pontuou.

Ele observou que além de ter muita gente sem máscara na fila outro problema é a falta de respeito à recomendação de distanciamento mínimo de 1,5 metro.
O montador Fabiano Ferreira, de 37 anos, também teve de encarar uma fila de ao menos 20 pessoas para receber atendimento em uma operadora de celulares. Ele contou ter tentado resolver o problema por telefone, mas como não conseguiu acabou tendo de sair de casa.

Os ocupantes da fila em que estava não cumpriam o espaçamento de 1,5 metro até que uma funcionária saiu do estabelecimento para orientar as pessoas.
Com isto, a extensão da fila mudou chegando a virar a Rua Barão do Rio Branco.
Alto risco - A médica infectologista Lis Regina Calixto Alves Renno alerta para o risco de contaminação presente nas filas, especialmente quando há aglomeração. Ela explica que o contágio ocorre tanto por meio do espirro ou da tosse quanto pelo contato com partes contaminadas como corrimãos e maçanetas.
Em se tratando das filas a preocupação é que gotículas de saliva de uma pessoa contaminada podem acabar atingindo outra nas proximidades de maneira imperceptível. “A distância de 1,5 metro é baseada em estudos sobre a distância que uma gotícula alcança durante um espirro ou tosse”, detalhou a infectologista. Ainda segundo ela, quanto maior o tempo presente na fila maiores são as chances de contaminação.
A principal orientação da médica é manter o isolamento social, mas quando isto não é possível é necessário usar máscaras, abusar do álcool em gel e evitar ao máximo aglomerações. Isto inclui as filas. “Foque na higienização das mãos, não fique arrumando a máscara toda hora porque pode acabar contaminando a parte externa e não esqueça do espaçamento” diz.