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Capital

Rixa entre facções motivou princípio de motim em presídio feminino

Conflito entre presas de MS é reflexo da crise penitenciária que atinge o país, diz sindicato de agentes penitenciários

Luana Rodrigues e Amanda Bogo | 18/01/2017 13:47
Batalhão de Choque foi acionado para colaborar com transferência de internas. (Foto: Amanda Bogo)
Batalhão de Choque foi acionado para colaborar com transferência de internas. (Foto: Amanda Bogo)
Viaturas da PM em frente ao presídio no momento da confusão. (Foto: Amanda Bogo)
Viaturas da PM em frente ao presídio no momento da confusão. (Foto: Amanda Bogo)

Com a ajuda de policiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar, agentes penitenciários controlaram um princípio de motim na penitenciária feminina Irmã Irma Zorzi, no bairro Santo Antônio, em Campo Grande. O conflito, que começou por volta das 9h desta quarta-feira (18), teria sido motivado por uma rixa entre de facções rivais. A mesma que resultou em massacres na região norte e nordeste do país.

Conforme o presidente do Sinsap (Sindicato dos Servidores da Administração Penitenciária), André Luiz Santiago, a briga entre lideranças do PCC (Primeiro Comando da Capital) e do Comando Vermelho teria começado há cerca de uma semana. “Elas queriam unificar as celas para iniciar um conflito”, contou.

Cinco presas, que não tiveram a identificação revelada, foram transferidas do presídio da Capital para unidades do interior. O destino de cada uma delas também não foi divulgado. Segundo Santiago, elas foram identificadas como sendo lideranças de facções.

As detentas estavam nas celas 5, 9, 10 e 13 do presídio, e começaram um conflito mais acirrado depois que algumas detentas pediram transferência do presídio. “Lideranças queriam entrar em conflito antes da transferência das rivais e por isso começou a confusão. Os rumores de que isso aconteceria já rolam há uma semana”, disse.

Segundo agentes penitenciários ouvidos pelo Campo Grande News, pouco antes das 11h os grupos começaram a desobedecer ordens. A situação ficou tensa e só foi contornada pelos agentes por volta das 12h.

Mesmo com o clima no presídio mais ameno, às 12h38, uma equipe com 18 militares do Choque entrou no presídio e deu início a transferência de presas envolvidas na briga.

“A operação durou cerca de meia hora. Basicamente nosso trabalho foi de contenção e distração das presas, para que a transferência ocorresse com tranquilidade”, explicou o tenente, Nelson Vieira Tolote, do Batalhão de Choque.

A unidade onde ocorreu o conflito também sofre com a superlotação. A unidade abriga 336 detentas, mas tem capacidade para apenas 231.

Guerra entre facções - A guerra entre as facções, que já matou mais de 120 pessoas no país, teria explodido em setembro do ano passado, depois de um “comunicado” que uma das facções emitiu, o “Salve Geral do PCC”, decretando o fim da aliança com Comando Vermelho.

O texto foi escrito a mão, na Penitenciária de Presidente Venceslau, em São Paulo, onde fica a cúpula do PCC. Possivelmente foi transportada por algum advogado ou visitante e enviado às prisões brasileiras dominadas pela facção. O “salve” se espalhou.

Depois disso, de outubro até hoje, presos foram assassinados em presídios de Roraima, Rondônia, Amazonas, Ceará e no Rio Grande. A disputa por rotas de tráfico de drogas nas fronteiras e o avanço do paulista PCC no Norte e no Nordeste estão entre os motivos para a guerra.

Crise penitenciária - Nesta terça-feira (17), o Governo Federal autorizou a atuação das Forças Armadas nos presídios para fazer inspeção de materiais considerados proibidos e reforçar a segurança nas unidades.

O anúncio foi feito depois de reunião entre o presidente Michel Temer e autoridades de todos os órgãos de segurança e instituições militares do governo federal para discutir estratégias de segurança pública.

A governadora em exercício de Mato Grosso do Sul, Rose Modesto (PSDB), afirmou na manhã desta quarta-feira (18) que vai apresentar um projeto para aumento da fiscalização da fronteira, em encontro com o presidente em Brasília (DF).

O objetivo é reduzir os danos do embate entre facções criminosas rivais e a conseqüente crise no sistema penitenciário, onde mais de 135 pessoas foram mortas em rebeliões.

“Mato Grosso do Sul há tempos tem essa característica de ter facções. Mas tem sido feito um trabalho duro e quando chegam esses momentos de crise estamos preparados”, afirmou a governadora em exercício.

Além da apresentação de pontos a terem vigilância reforçada, os objetivos sul-mato-grossenses na capital federal também visam a verba de R$ 54 milhões prometida pelo ministro da Justiça Alexandre de Moraes ao Estado no fim do ano passado.

Segundo Rose, parte do dinheiro já foi repassada para ajudar no custeio da construção de três novos presídios. A governadora destaca que ainda estuda os locais, mas a avaliação inicial é de que serão um presídio de regime semi-aberto, um masculino e um feminino. Corumbá e Dourados, por enquanto, são os favoritos a receberem as prisões.

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