Santa Casa suspende cirurgias e atendimentos sem urgência
Hospital emitiu aviso nesta terça-feira por conta de impasse para renovação de contrato com o Município
Cinco dias após alertar para falta de insumos e dinheiro em caixa para pagar os funcionários, a Santa Casa de Campo Grande informou que suspenderá os atendimentos ambulatoriais, assim como os procedimentos que não sejam de urgência em 48 horas. O aviso foi divulgado nesta terça-feira (2).
Segundo nota do hospital, o motivo da suspensão seria o impasse para a renovação do contrato de prestação de serviços médico-hospitalares entre a com a Prefeitura de Campo Grande, que estaria “gerando uma crise de desabastecimento no hospital”.
Diante disso e para evitar a suspensão imediata do atendimento à população os atendimentos ambulatoriais e cirurgias eletivas serão suspensos, mantendo apenas a assistência da urgência e emergência.
“A Santa Casa de Campo Grande espera que a Prefeitura de Campo Grande, a quem compete a responsabilidade pela prestação de saúde à população, tome as providências urgentes para evitar o agravamento da situação”, finaliza nota assinada pelo presidente da instituição, Heitor Freire.
Ao Campo Grande News a Prefeitura da Capital afirmou, através de nota, que não tem nenhuma pendência financeira com o hospital e todos os repasses estão sendo feitos em dia, inclusive com valores maiores do que o previsto em convênio através de emendas e incentivos.
"Todos os repasses foram feitos dentro do que estava pactuado. De janeiro a julho deste ano, o hospital já recebeu R$ 173,3 milhões. Desde 2017 foram mais de R$ 1,6 bilhão destinados à Santa Casa. Cabe ao hospital esclarecer sobre eventuais problemas gerenciais que culminaram no alegado déficit", diz a nota.
Contrato vencido - Dia 28 de julho, o hospital emitiu um alerta para a falta de insumos e dinheiro para o pagamento dos funcionários, que seria motivado pelo desequilíbrio econômico com a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública).
Na ocasião, o presidente da instituição explicou que contrato venceu há dois meses e no dia 27, uma reunião realizada para resolver a situação e mediada pelo Ministério Público coma presença da Secretaria de Estado de Saúde) foi encerrada sem consenso.
"A proposta apresentada pela prefeitura tinha o sentido de fazer o contrato no mesmo valor de 2019. Até o ano passado fomos obrigados a aceitar e esse ano não vamos assinar. A correção de lá para cá foi de 60,62%, correspondendo a R$ 461 milhões, nós estamos propondo R$ 430 milhões, R$ 31 milhões a menos do corrigido", explicou Freire na ocasião.
Ainda de acordo com o Heitor, o hospital recebe mensalmente, R$ 23 milhões, sendo que R$ 5 milhões são debitados em empréstimos. O contrato com a secretaria encerra no dia 31 de julho, período em que o estoque de medicamentos também pode sofrer desfalque e por isso, sem readequação não conseguiria pagar os salários em agosto.
* Matéria editada às 14h para acréscimo de resposta.