Sem chuva, setembro é de agonia para quem enfrenta o poeirão
A situação é ainda pior para quem mora em ruas sem asfalto, ou ao lado de construções
Com a falta de chuva, o cenário de Campo Grande muda. O calor fica evidente nas roupas e hábitos de quem escolheu a Cidade Morena como lar. Mas é também nos dias mais secos que uma velha conhecida do campo-grandense volta a incomodar, a poeira.
A situação é ainda pior para quem mora em ruas sem asfalto. E se nessa via passar carro demais, ou ônibus, a terra levanta e fica ainda mais complicado . Quem mora na rua Taumaturgo, um dos corredores de ônibus no Aero Rancho, já aprendeu a conviver com a poeira. É só um carro passar pela via para as “nuvens de terra” tomarem conta.
Há 13 anos, Claudemir Gamino e Maria Aparecida de Souza Gamino, ambos de 53 anos, moram na região. Foi na esquina entre as ruas Taumaturgo e Canutama, que o casal montou a empresa de tapeçaria. Ali, o jeito para “amenizar” a poeira é balde e pano. “Tem que varrer e passar pano o tempo todo, a gente trabalha com estofado, é complicado né?”, contou Gamino.
Na tentativa de economizar água, o casal abriu mão de usar a mangueira para “baixar a poeira”, o jeito, segundo Maria, é reaproveitar a água da máquina de lavar e passar pano em casa todos os dias, além do uso diário do umidificador. “Ficamos uns 40 dias com uma gripe forte por conta desse tempo”.
A poucos metros dali, Paulo Pires, de 42 anos, vê a poeira tomar conta das prateleiras do mercado que há 3 anos administra com a esposa. “Limpei tudo hoje e se passar a mão vai estar tudo sujo”, pontuou o comerciante. O mercado fica em uma rua asfaltada, mas é “vizinho” de duas que não são, a Taumaturgo e a Caitite.
“O pessoal ainda passa correndo por aqui. Ali no ponto de ônibus o pessoal fica escondidinho e quando dá o horário eles vêm pro ponto”, contou Paulo. Acostumado a pagar cerca de R$ 600 de água, o comerciante tenta, de todas as maneiras, economizar. “Lavamos tudo terça-feira, já está tudo sujo”.
Na Avenida Joana D'arc, no Jardim Botafogo, a família de Dirce Pereira, de 62 anos, convive com a poeira em dias secos, e a lama nos chuvosos, há 11 anos. Durante a noite o jeito é molhar as janelas pelo lado de dentro e espalhar toalhas molhadas pela casa, tudo para respirar melhor.
“Para não enlouquecer, eu limpo a casa e fecho tudo, fico lá dentro”, contou a moradora. “As roupas eu estendo na varanda e fecho a porta, secou já tem que tirar”. Para Mariana Pereira, de 23 anos, a situação em casa é ainda mais greve por conta do movimento da avenida. “É corretor de ônibus, e sempre passa caminhão aqui”, lembrou a estudante de pedagogia.
Enquanto a equipe esteve no local, os flagrantes de carros e ônibus “levantando poeira” em frente a casa da família foram constantes. Morador de um residencial na mesma avenida, Joselito Pasqualini, de 38 anos, conta que ali o principal problema são os com a saúde. “Temos crianças e idosos com problemas respiratória. Ninguém casa na primeira casa do condomínio, porque a poeira para todo ali”.
O asfalto no final da Avenida Joana D'arc é um sonho e a esperança para que o problema se resolva. No Jardim das Nações, dona Geralcina da Silva Rocha, de 64 anos, vive o mesmo problema, mas com um agravante, uma obra nos fundos de casa. “Nossa, por causa da obra era poeira para todos os lados”, reforçou, lembrando que só diminuiu o problema com o avanço da obra.
Durante as noites, o quarto recebe uma panela de água para na tentativa de melhorar a umidade do ar e de dia, a mesma água usada para levar as roupas serve para baixar a poeira da varanda. “Ficada todo mundo gripado, porque está muito seco. Todo ano aqui é assim. Vamos levando assim, até a próxima chuva”.
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