Entidades de MS veem com cautela compra recorde de soja brasileira pela China
Ainda é cedo para saber quanto o aumento das tarifas dos Estados Unidos vai beneficiar produtos do Brasil
Ainda é cedo para afirmar quanto o Brasil e especialmente Mato Grosso do Sul podem ser beneficiados com a guerra comercial entre China e Estados Unidos. O setor agrícola do Estado vê com cautela a compra aparentemente maior que o comum do grão, feita pelo país asiático nesta semana.
RESUMO
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Em meio à guerra comercial entre EUA e China, o país asiático intensificou a compra de soja brasileira, adquirindo 2,4 milhões de toneladas, quase um terço da média mensal processada. O Brasil já lidera as exportações de soja para a China, mas analistas afirmam que é cedo para prever uma substituição total da soja americana. A colheita da safra 2024/25 avança no Brasil, com Mato Grosso do Sul colhendo 96,4% da área. A valorização do dólar frente ao real impulsiona as exportações brasileiras. O movimento chinês é visto como uma oportunidade para o Brasil, apesar das incertezas tarifárias dos EUA.
O fato foi reportado pela Bloomberg, agência americana de notícias econômicas, que classificou a compra como uma “quantidade incomumente grande de soja brasileira” e de acordo com a agência, ao menos 2,4 milhões de toneladas do grão foram contratadas no início da semana. O movimento foi classificado como “excepcionalmente grande e rápido”.
A reportagem procurou a Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul) e a Aprosoja/MS (Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul) para comentarem a compra, mas a resposta é de que não é possível fazer uma análise no momento. “Acho difícil falar se vai, ou não, nos prejudicar. Devemos aguardar um pouco mais para saber”, disse o presidente da Famasul, Marcelo Bertoni.
Através da assessoria de imprensa, a entidade afirmou que qualquer cenário previsto seria especulação e que um quadro real só poderá ser analisado em maio, quando os números da balança comercial de abril estarão disponíveis. A Aprosoja/MS, por sua vez, não se manifestou.
Na avaliação do presidente da Fiems (Federação das Indústrias de MS), Sérgio Longen, a conjuntura pode abrir portas para o Estado. “Embora essas taxas comprometam alguns setores, há oportunidades que podem ser construídas com essa sobretaxa americana sobre os produtos chineses”, declarou.
Longen acredita que setores estratégicos da economia sul-mato-grossense poderão ganhar competitividade, à medida que a China busca alternativas aos produtos americanos. “Esperamos avaliar de forma mais clara quais setores serão positivamente impactados, mas acredito que o Brasil pode se beneficiar”, concluiu.
Atualmente, o Brasil já lidera as exportações de soja para a China, seguido pelos Estados Unidos — país que destina cerca de metade da sua produção exportada ao mercado chinês. Ainda assim, analistas do setor afirmam que, apesar da movimentação atípica, é cedo para prever uma substituição total da soja americana pela brasileira.
Isso porque há uma divisão natural no abastecimento global: a safra brasileira predomina no primeiro semestre do ano, enquanto a americana entra com mais força no segundo semestre.
Dados do governo federal indicam que, até 21 de março, o Brasil exportou 10,25 milhões de toneladas de soja — um salto de 59,5% em relação a fevereiro. A média diária de embarques também cresceu 25,2% na comparação anual.
A movimentação da China é vista com interesse por lideranças políticas e empresariais no Brasil. O governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB), afirmou que ainda é cedo para avaliar os impactos da guerra comercial, mas reconheceu o "chacoalhão global" no comércio internacional. “Algumas cadeias produtivas vão ser afetadas, e com certeza vão surgir grandes oportunidades para outras áreas da economia”, afirmou.
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