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Capital

Sem experiência, ele pegou a moto escondido, diz amigo sobre militar

Antonio Marques | 22/04/2016 16:57
Primo de Victor Hugo observa a cena do acidente em que matou o militar que sonhava seguir carreira no Exército (Foto: Marcos Ermínio)
Primo de Victor Hugo observa a cena do acidente em que matou o militar que sonhava seguir carreira no Exército (Foto: Marcos Ermínio)

O militar Victor Hugo Garcia, 18 anos, que morreu ontem de manhã, 21, após bater de moto contra um muro, teria pego a moto sem autorização do dono e não tinha habilitação e nem experiência com o veículo. É o que revela Yan Lucas Carvalho Souza, 20 anos, proprietário da motocicleta Kawasaki 650, que lamenta a perda do amigo de infância no feriado de Tiradentes. 

O acidente aconteceu por volta das 6h30min de ontem próximo ao cruzamento da Marginal Lageado com a rua Francisco da Costa, na Cohab Universitária 2. Antes da colisão fatal, Victor Hugo teria perdido o senso da direção, tocado no meio fio e decolado alguns metros. Em seguida, vazou uma cerca de arame farpado e foi parar no muro cerca de 20 metros do primeiro impácto.

Yan Lucas contou que a moto é potente e responde bem quando dá uma “puxada” (acelerada mais forte). “Em curvas, dependendo da velocidade, é preciso deitá-la e ir controlando para não perder o senso da direção”, explicou ele, acrescentando que a rua onde aconteceu o acidente é muito perigosa.

Para Yan Lucas, que é estudante de direito na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), as características do acidente apontam que o amigo não deveria estar a menos que 100 km/h. “Certo é que faltou experiência em pilotagem, pois ele não havia bebido muito na noite anterior”, revelou. Segundo ele, Victor Hugo não teria tomado mais que duas cervejas long neck. “Ele sempre bebia bastante, mas dessa vez não”, repetiu o amigo.

“Saímos da casa de shows por volta das 5h30min e, como um dos amigos passou mal por ter bebido demais, fomos deixá-lo na casa dele. Depois seguimos para minha casa”, relatou Yan Lucas. Enquanto o dono do carro foi deixar uma amiga na residência dela, Victor Hugo e mais dois amigos ficaram na casa de Yan.

Victor Hugo teria pedido ao amigo um cigarro. Como não tinha o produto em casa, Yan foi preparar o narguilé. Neste momento, Victor Hugo teria pego a chave e saído com a moto, que estava na varanda. “Como moro sozinho, a chave fica em lugar fácil. Mas não vi ele saindo. Apenas depois de quase uma hora percebi a ausência da moto”, comentou.

Familiares ficam inconsolados ao saberem da morte do jovem Victor Hugo (Foto: Marcos Ermínio)
Familiares ficam inconsolados ao saberem da morte do jovem Victor Hugo (Foto: Marcos Ermínio)

Yan Lucas revelou ainda que, com exceção de Victor Hugo, todos estavam mal por conta do excesso de álcool. Victor Hugo teria levado um amigo na garupa para comprar o cigarro e o deixou na casa de Yan, mas seguiu com a moto para casa dele, onde morava com avó. “Ficamos em casa para passar a ressaca. Quando sentimos a demora dele, que percebi que havia saído com a moto, passou cinco minutos fomos informado do acidente.”

Segundo Yan Lucas, quando ele e os amigos chegaram ao local do acidente, cerca de umas três quadras da casa dele, o amigo já havia sido atendido e seu óbito anunciado. Também estavam no local os policiais do Batalhão de Trânsito. “Ele era muito impulsivo. Tento me confortar que foi um acidente, pois às vezes ele era até inconsequente”, observa o amigo.

O dono da motocicleta admite que não está muito fácil conviver com o fato. Lembrou que, no mês passado, a irmã de 29 anos sobre um infarto e ainda está se recuperando do problema. E recentemente perdeu a avó, de 97 anos, a quem era muito apegado. Yan mora sozinho, mas o pai reside no mesmo terreno, numa casa no fundo da sua. “Só mesmo os amigos nesses momentos para nos dar força para superar a dor. Sempre comentávamos entre nós que a maior família do Victor Hugo era os amigos.”

Yan Lucas informou ainda que tomava maior cuidado com a moto, que havia adquirida há cerca de 10 meses. Por medo de acidente, disse que não a usava à noite nem para dar voltas no bairro. “Nas baladas também não ia pilotando, sempre tinha cuidado, por conta da bebiba”, contou ele, alertando aos jovens que gostam de curtir a vida. “Bebida e direção não combina. Se quiser beber fique em casa ou escolha um amigo que não bebe para dirigir”.

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