ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, SÁBADO  23    CAMPO GRANDE 27º

Capital

Sem luvas e seringas, Santa Casa deve voltar a suspender serviços

Flávia Lima | 06/11/2015 13:12
Em reunião, Wilson Teslenco e a promotora Filomena Fluminhan discutem sobre as dificuldades financeiras do hospital. (Foto:Flávia Lima)
Em reunião, Wilson Teslenco e a promotora Filomena Fluminhan discutem sobre as dificuldades financeiras do hospital. (Foto:Flávia Lima)

Assim como ocorreu em maio, as cirurgias eletivas e o atendimento ambulatorial devem ser suspensos novamente, até o final deste mês. O alerta já havia sido dado esta semana pelo diretor-presidente do hospital, Wilson Teslenco, que reafirmou a decisão na manhã desta sexta-feira (6), durante reunião com a promotora do MPE (Ministério Público Estadual), Filomena Fluminhan, titular da 32ª Promotoria de Justiça.

O motivo é o cancelamento da entrega de 98 itens entre medicamentos e materiais hospitalares devido a falta de pagamento aos fornecedores. De acordo com Teslenco, alguns materiais, como luvas, aventais, ataduras e seringas, de modelos específicos, já estão em falta, comprometendo o atendimento.

Dentro de uma semana, ele ressalta que a tendência é um agravamento do quadro, já que os estoques estão zerando. “Já não temos, por exemplo, seringas de 10ml, por isso estamos usando as de 20mm para procedimentos que o uso delas não seria necessário”, diz.

Teslenco afirma que ainda está fazendo uma análise do desabastecimento do hospital e, se for necessário, outros serviços poderão ser suspensos.

A situação ocorre porque desde janeiro a prefeitura de Campo Grande deixou de fazer o devido repasse para a unidade de saúde e até o momento não renovou o contrato com o hospital, motivo que levou a suspensão de serviços no primeiro semestre e o comprometimento no atendimento geral da unidade hospitalar.

O impasse referente a falta de uma contratualização com a administração municipal levou a direção do hospital a notificar extrajudicialmente, esta semana, o prefeito Alcides Bernal devido a dívida de R$ 13 milhões do executivo com o hospital.

Desse total, R$ 4,6 milhões são referentes ao pagamento de empréstimos correspondentes às parcelas de maio a dezembro de 2014.

Indefinição - A instabilidade orçamentária da Santa Casa também deve comprometer o salários dos funcionários, que consomem R$ 8 milhões da folha de pagamento.

A promotora Filomena Fluminhan disse que a falta de contrato com a prefeitura impede o hospital de participar de reunião que será realizada na próxima semana para discutir uma nova pactuação entre os hospitais da Capital.

Na ocasião será redefinido as referências de cada unidade, redistribuindo os serviços prestados por elas. “Vamos tratar de uma melhor distribuição de leitos, mas a Santa Casa, nessa situação sem contrato,não terá como participar”, ressalta a promotora.

Como o hospital é o maior do Estado, a impossibilidade de colaborar com a reorganização dos serviços prestados pelos hospitais da Capital, compromete o atendimento da rede pública.

A promotora também destacou que um inquérito civil investiga a continuidade da prestação de serviços da Santa Casa, apesar das dificuldades financeiras e que até o momento nenhuma irregularidade foi encontrada. “O que preocupa é que com o não pagamento dos médicos, aqueles que forem apenas colaboradores podem se desligar do hospital em 30 dias, piorando o déficit de profissionais”, lamenta.

No entanto, antes dessa reunião, a direção da Santa Casa realizará uma nova tentativa, na próxima quarta-feira (11), de efetuar o contrato com a prefeitura e resolver as pendências financeiras. A participação de representantes do governo do Estado também é esperada.

No início da semana, o secretário municipal de Saúde Ivandro Fonseca disse que a prefeitura honra os repasses mensais ao hospital. Porém, sobre a dívida com a associação, ele destacou que é preciso redefinir a política estadual de saúde. Segundo ele, o município custeia 22% dos gastos com a saúde, enquanto que o Estado fica com apenas 6%.

Wilson Teslenco também ressalta que a participação da administração estadual é fundamental para reequilibrar as contas do hospital. “Esperamos que as partes assumamos contratos firmados no ano passado”, diz.

Nos siga no Google Notícias