Sem material, nem exame de sangue é feito na rede municipal de saúde
MPE vai ingressar com ação civil pública
O Labcen (Laboratório Central do Município) não está fazendo exames como hemograma – de sangue – por falta de reagentes e tubetes, potes para coleta. De acordo com funcionários que trabalham no local, apenas exame de urina está sendo coletado.
Funcionários afirmam que o material está em falta há dias e que não deve chegar até o fim do ano. "Até o fim desta gestão não chega", afirmou uma funcionária, sem se identificar.
Outro funcionário afirma que não há material para fazer exames de bioquímica e que a estrutura do local se encontra comprometida. Além disso, há informações sobre uma infestação de ratos.
A promotora Paula Volpe, que atua em investigações na área, disse nesta quinta-feira (3) que a situação no Labcen é insalubre e a estrutura está comprometida. Ela fez duas recomendações à Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública) referentes ao laboratório, uma em fevereiro e outra em maio.
O pedido de fevereiro era para que o Executivo Municipal adotasse todas as providências necessárias para regularizar integralmente o Labcen, "sanando todas as irregularidades contidas no Relatório de Reinspeção/LABCEN no 12/2015 da Vigilância Sanitária”. O levantamento apontava que a estrutura estava precária e não atendia a demanda.
Em relação ao documento de maio, a promotora recomendou que a Sesau e a Prefeitura adotassem todas as providências necessárias para regularizar imediatamente o fornecimento de reagentes químicos para a continuidade de exames laboratoriais no Labcen e nas unidades de saúde.
"Quanto aos reagentes, a Sesau me disse que resolveu com laboratório de apoio, como o da Apae. Eu pedi um relatório para o Conselho Regional de Farmácia e ele veio apontando vários problemas estruturais", afirma Volpe.
Ainda de acordo com a promotora, a prefeitura informou que a licitação para compra de reagentes estava sendo feita e a Cecom (Central de Compras) é responsável. Volpe declarou que no relatório do conselho consta que a estrutura do Labcen estão com infiltração, mofo, fungos e que os funcionários não têm equipamento individual de proteção. "Falta materiais básicos como luvas e mascaras".
A promotora explicou que o conselho não estava fazendo a fiscalização nas unidade de saúde por conta de uma ação que move contra a prefeitura na Justiça, mas como foi um pedido do MPE o relatório foi feito. "Vamos entrar com uma ação civil pública contra a Sesau. Já está em fase de elaboração".
Falta material - A falta de material para a coleta de exames não está somente no Labcen, mas também em todas a unidades 24 horas da prefeitura, UPA (Unidade de Pronto Atendimento) e CRS (Centro Regional de Saúde). A reportagem entrou em contato com as unidades e foi informada que em todas os tubetes para a coleta de hemograma estão em falta.
O laboratório da APAE informou que não faz coleta de exames para a prefeitura, somente análise de resultados. Quando há coleta nas unidades as amostras são encaminhadas para eles.
Sesau - O secretáro de Saúde do município, Ivandro Corrêa, disse que falta de insumos e tubetes se dá por conta da alta demanda de Campo Grande. Ele afirma que a epidemia de dengue do início do ano desabasteceu a Sesau e os pacientes do interior também causam desabastecimento. "Esse ano tivemos maior epidemia de dengue do país e houve migração de 60 ônibus por dia com pacientes do interior".
Mesmo estando em novembro, o secretário afirma que o processo licitatório pode durar até oito meses e a epidemia de dengue perdurou até abril. "Foi consumida por quase todos pacientes do interior. Temos pouco mais de 800 mil habitantes e o número de cartão SUS (Sistema Único de Saúde) registrados são de quase o dobro".
Ivandro disse que a licitação para a compra de tubetes e reagentes já foi feita e falta homologação do prefeito, Alcides Bernal (PP). O secretário garantiu que vai entregar a Sesau com todos insumos e materiais em dia para a próxima gestão.