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Capital

Sete anos após matar sobrinho, Zeolla ganha R$ 30 mil como aposentado

Aline dos Santos | 25/06/2016 11:10
Zeolla foi condenado em 2011 por morte do sobrinho. (Foto: Marcelo Victor/Arquivo)
Zeolla foi condenado em 2011 por morte do sobrinho. (Foto: Marcelo Victor/Arquivo)

Com salário atual de R$ 30,4 mil, o procurador aposentado Carlos Alberto Zeolla, preso ontem por suspeita de estupro de adolescente, passou em 30 de março de 2009 da condição de acusador a acusado. Às 11h45 daquele dia morreu na Santa Casa de Campo Grande Claudio Zeolla, 23 anos, que horas antes foi baleado na nuca, quando seguia para a academia, na rua Bahia.

No mesmo dia, o procurador foi preso suspeito de matar o sobrinho. Depois, na fase de audiência, foi revelado que uma testemunha do crime seguiu o autor. Segundo o depoente, que se impressionou com a calma do assassino, até mesmo os policiais se mostravam incrédulos ao verificarem que o carro estava em nome do procurador, que tinha o mesmo sobrenome do homem executado.

Numa sequencia de laudos sobre doença mental, audiências, internações em clínica ele chegou ao bancos dos réus em 21 de junho de 2011. Na ocasião, em um depoimento de meia hora, disse que o ato “foi a maior loucura da minha vida”.

Ao relatar o crime, argumentou que ele não poderia ser dissociado da “destruição da imagem do pai que ele tinha como herói deste criança”. O procurador disse na época estava passando por complicações de uma cirurgia para redução de estômago e, no dia 2 de março de 2009, teve dificuldades para dormir.

Neste dia, ao acordar, segundo relatou, ouviu dois sobrinhos cochichando sobre uma agressão de Cláudio ao avô de 76 anos. Ele foi em busca do sobrinho com a intenção de dar “corretivo”, mas não não encontrou Cláudio. Mas, no dia seguinte, ao ver o pai chorando e debilitado, cometeu o crime. No fim do depoimento, relatou que converteu-se à Igreja Universal do Reino de Deus.

O desfecho foi uma condenação de oito anos de prisão, a ser cumprido em regime semiaberto. Em 2012, ele chegou a ser transferido para a unidade prisional da Gameleira, mas obteve autorização judicial para ficar internado em um clínica de tratamento psiquiátrico. De acordo com a defesa, ele deixou a clínica há dois anos.

Estupro - Zeolla foi preso na sua casa, em Campo Grande, na manhã de ontem (dia 24). O mandado de prisão preventiva foi expedido pela 7ª Vara Criminal e cumprido pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado). O procurador foi levado para o Centro de Triagem, no Jardim Noroeste.

Responsável pelo caso, o delegado Mario Donizete Ferraz de Queiroz, da DEPCA (Delegacia de Proteção à Criança e Adolescente), afirmou ontem que as investigações sobre Zeolla começaram a ser feitas em 2015, quando um adolescente de 13 anos foi até a Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) e denunciou que era abusado por um homem conhecido como “Carlos Xará”, que seria procurador aposentado.

Na época, a polícia identificou mais dois meninos: de 10 e 11 anos. O adolescente de 13 anos teria dito que Zeolla prometeu levá-lo à Alemanha para passear, enquanto as outras duas crianças relataram que eram embebedadas antes dos abusos.

O advogado José Belga Trad pediu à Justiça que ele seja transferido para sala de Estado Maior ou fique em prisão domiciliar. Ele tem essa prerrogativa por ser membro do MPE. A expectativa é que a solicitação seja analisada na segunda-feira (dia 27).

No Portal da Transparência do MPE, Carlos Alberto Zeolla aparece como procurador na lista de inativos. Segundo a tabela de remuneração, o subsídio para procurador é de R$ 30.471,11. Com os descontos, o salário líquido é de R$ 20.530,84.

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