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Capital

“Some daqui”: família questiona alta médica de paciente com câncer

Trabalhador rural está com a doença em estado avançado e sem conseguir se alimentar

Por Kamila Alcântara e Murilo Medeiros | 06/03/2025 12:22
“Some daqui”: família questiona alta médica de paciente com câncer
Paciente em uma cadeira dentro do CRS Nova Bahia (Foto: Direto das Ruas)

Os familiares de um trabalhador rural, de 60 anos, questionam a diferença no atendimento médico recebido no CRS (Centro Regional de Saúde) Nova Bahia, principalmente no plantão desta quinta-feira (6). Diagnosticado com câncer no esôfago em estágio avançado, ele vomita sangue e não consegue comer, mas teve alta protocolada.

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Os familiares de um trabalhador rural de 60 anos, diagnosticado com câncer no esôfago em estágio avançado, questionam a alta médica recebida no CRS Nova Bahia, em Campo Grande. O paciente, que vomita sangue e não consegue comer, teve alta mesmo após um médico plantonista anterior solicitar vaga zero para tratamento especializado. A família relata que o novo médico não examinou o paciente e foi ríspido ao dar alta, mesmo com evidências de hematêmese. Após a chegada da imprensa, a equipe médica reavaliou o caso. A Secretaria Municipal de Saúde foi questionada sobre o ocorrido.

O filho do paciente, o empresário Leandro Barros, 36 anos, relatou que o pai morava na zona rural de Coxim, a 253 km de Campo Grande, e veio à Capital após receber o resultado da biópsia no dia 26 de fevereiro. Muito debilitado, deu entrada no CRS, onde o médico plantonista de quarta-feira (5) reconheceu a gravidade do caso e solicitou vaga zero em um hospital para tratamento especializado.

No entanto, com a troca da equipe médica nesta manhã, a conduta foi diferente. Segundo Leandro, o novo médico sequer examinou o paciente e determinou a alta, mesmo com o pedido de vaga zero feito e um balde com vômito de sangue ao lado da maca.

“O plantonista de ontem foi excelente, passou tudo que ele precisava. Já o de hoje foi ríspido, não quis dar encaminhamento e, quando questionei, respondeu: ‘Já expliquei para três acompanhantes, não vou falar mais, some daqui e tire seu pai’. Me recusei a sair e fui coagido na presença dos guardas [municipais]. Meu pai é preto e pobre, não estamos pedindo nada além de tratamento. Não podem mandá-lo para casa morrendo”, desabafou Leandro.

Com a chegada da equipe do Campo Grande News, a postura mudou. A equipe médica informou que novos exames de sangue seriam feitos e o caso reavaliado. Imagens do líquido expelido pelo paciente foram registradas, mas o documento de alta nega a presença de hematêmese (vômito com sangue).

Aparecida dos Santos, 59 anos, irmã do trabalhador rural, veio de Coxim para ajudar nos cuidados e presenciou a situação. “Quando o médico trouxe o documento de alta, aceitei porque ele é médico e não entendo. Mas meu irmão não consegue ficar de pé nem comer. Não tem como ele ficar bem em casa”, afirmou.

O Campo Grande News teve acesso ao nome e registro no CRM (Conselho Regional de Medicina) do médico citado pela família e questionou a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) sobre o caso. O espaço segue aberto para esclarecimentos.

A equipe da unidade de saúde chegou a afirmar que Leandro teria hostilizado o médico plantonista, mas a família nega qualquer agressão, verbal ou física.

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