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Capital

Suposto pastor preso por estupro a adolescente diz que foi "encontro"

Paula Vitorino e Viviane Oliveira | 10/08/2011 11:20

Em depoimento, jovem muda versão e se identifica como pregador itinerante da Assembléia de Deus, formado em teologia

Jovem está preso na Depac Piratininga. (Foto: Viviane Oliveira)
Jovem está preso na Depac Piratininga. (Foto: Viviane Oliveira)

Edson Scaletto da Silva, de 20 anos, apresentado pela polícia como pastor após ser preso em flagrante por estupro de uma menina de 13 anos na noite de ontem, contou em entrevista ao Campo Grande News que esta foi a primeira vez que saiu com a adolescente e depois de conversas “acabou rolando” a relação.

Ele contou que conheceu a garota há um mês, quando ela foi à Igreja Assembléia de Deus do Parque do Sol com a família. Eles trocaram telefones e, segundo a versão do jovem, a adolescente pediu que ele os desse uma carona até sua residência.

Depois deste dia, os dois se encontraram novamente na casa do tio da menina e ela pediu de novo o telefone do pastor, alegando que havia perdido o chip do celular com os contatos. Pouco tempo após, ela deu um “toque” no celular de Edson e ele retornou a ligação.

“Ela disse que queria conversar sobre um ex-namorado e então eu passei na casa dela. Saímos para dar umas voltas na cidade e ficamos conversando. Não tinha intenção de ficar com ela, até que parei o carro no estacionamento do Jockey Clube”, conta.

Ele conta que no local os dois começaram a trocar carícias e “aí rolou”. No entanto, ele admite que chegou a colocar o preservativo, mas a penetração não foi consumada. O jovem conta que levava no carro duas camisinhas, sendo que uma foi utilizada e outra permaneceu lacrada.

A Polícia Militar abordou veículo Escort de cor vinho no estacionamento, por volta das20h 15 de ontem, e informou que no momento do flagrante o jovem estava com o preservativo no órgão genital e o casal com as calças abaixadas. Edson nega que ele ou a garota estivessem sem calça.

O pastor também garante que só ficou com a adolescente porque ela disse ter 16 anos e não aparentava ter 13 anos. Ainda segundo ele, as carícias e o encontro aconteceram por vontade comum das duas partes.

Mas a delegada da Depac Piratininga, Marília de Brito Martins, esclarece que mesmo se a vítima tivesse 16 anos a relação seria considerada como estupro, por ele ser maior de idade perante a Justiça. No caso da garota de 13 anos, o crime é tido como estupro de vulnerável, devido a vítima ter menos de 14 anos.

A garota - Em depoimento para a Polícia Civil, a garota contou uma versão um pouco diferente. Ela disse que o jovem se identificava como pastor e a chamou para ir até a feira da região do Parque do Sol. Depois, os dois começaram a andar pela cidade.

Em determinado momento o acusado disse que iria para um lugar mais afastado para colocar um som no carro. Os dois foram para o estacionamento do Jockey Clube e começaram a trocar carícias.

A menina confirma que foi até o local porque queria, mas não responde claramente se quis iniciar a relação sexual ou não.

Pastor ou pregador - Questionado sobre sua profissão durante o depoimento para a Polícia Civil e a entrevista ao Campo Grande News, Edson mudou sua versão inicial e se apresentou como pregador itinerante da Igreja Evangélica Assembléia de Deus, formado em teologia.

Ao ser abordado pela PM na noite de ontem, o jovem afirmou ser pastor da mesma Igreja e até tentou impedir a revista no veículo por conta da profissão.

A cópia de uma carteira de identificação foi entregue a Polícia Civil e consta que Edson é participante da Convenção Regional da Assembléia de Deus - MT, como cooperador. Ele foi ordenado pela mesma Igreja em 2009.

No momento em que entregou o documento para os policiais, o jovem informou que essa carteira era a comprovação da profissão de pastor.

Edson também disse a reportagem que já exerceu a profissão de servente de pedreiro e está em Campo Grande há 2 anos. O jovem diz que já foi casado, mas não tem filhos e está divorciado há 3 meses. “Fiquei dias 30 dias em depressão depois da minha separação”, conta.

O autor ainda se diz muito triste e que "minha carreira acabou". “Toda essa história é motivo de vergonha para minha família e para mim”, afirma. O pai do jovem é pastor.

Crime - De acordo com a delegada Marília, o autor irá responder por estupro de vulnerável, com pena de 8 anos a 15 anos de prisão. Por ser um crime com detenção prevista superior a 4 anos, não cabe fiança na Delegacia e Edson deve ser encaminhado ainda hoje para um instituto penal, onde será julgado pela Justiça.

A delegada ainda esclarece que mesmo não tendo existido a penetração, o caso é considerado como estupro de vulnerável de acordo com a nova legislação. “Ele cometeu atos libidinosos com uma menor de idade e isso já caracteriza pelo estupro, não havendo necessidade de ter havido conjunção carnal”.

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