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Capital

"Tão novo, começou usar droga e matou à toa", diz pai de frentista em júri

Crime aconteceu em fevereiro do ano passado, após vítima e assassino passarem horas bebendo e usando drogas

Karine Alencar | 06/09/2022 10:02
José Eduardo Dias durante audiência na manhã desta terça-feira no 1° Tribunal do Júri (Foto: Karine Alencar)
José Eduardo Dias durante audiência na manhã desta terça-feira no 1° Tribunal do Júri (Foto: Karine Alencar)

"Um menino tão novo, começou a usar drogas e deu nisso, matou o rapaz à toa. Quando não estava sob efeitos, ele era excelente. É muito triste ter de vir aqui hoje, uma vergonha passar por isso, somos uma família de bem e é uma situação terrível, mas não podemos o abandonar". A fala é do motorista Afonso da Frota de 59 anos, pai do frentista José Eduardo Dias, que matou o vigia Rafael Weyklen da Silva, com uma facada no pescoço em fevereiro do ano passado.

Hoje, no banco dos réus, em sessão realizada no 1° Tribunal do Júri em Campo Grande, o autor confessou ter assassinado a vítima após horas de bebedeiras, uso de drogas seguidas de discussões e agressão física.

"Amanhecemos bebendo e usando cocaína. Aí fomos buscar duas meninas para ir para a casa dele, antes eu comprei cerveja e rodamos as bocas de fumo para ver se achava droga. Depois uma delas foi embora e do nada ele começou a discutir, me deu um murro e eu perguntei o que tinha acontecido. Como ele era mais forte do que eu, peguei uma faca na mesa para me defender, desferi um golpe e saí correndo", contou José Eduardo, alegando que não tinha intenção de matar o jovem.

Muito emocionado, o avô de Rafael, que preferiu não se identificar por medo de represálias, também acompanhou a audiência e falou sobre o relacionamento com o neto, que tinha como um filho.

"É muito difícil você criar uma criança por toda uma vida, dar de tudo e depois a pessoa ser assassinada dessa maneira. Ele estava na casa dele, se fosse numa briga de rua, mas não. Estamos aqui hoje porque queremos que a justiça seja feita", frisou.

Ao lado do pai, o tio da vítima também relembrou os bons momentos com o jovem que era como um irmão. "O Rafael era muito família, nunca teve problema com ninguém e deixou um bom legado. Hoje a gente sofre tudo de novo tendo que vir aqui, mas não temos raiva do José Eduardo e acreditamos que ele vai colher o que plantou", disse.

O crime- O autor foi preso horas após o incidente em uma residência na mesma região da casa da vítima, no Jardim Centro-Oeste, no dia 11 de fevereiro de 2021. Rafael Weyklen da Silva, de 25 anos, foi assassinado com um golpe de faca no pescoço após horas bebendo e usando cocaína com o colega, que havia conhecido em tabacaria dias antes do fato.

 Equipe do Corpo de Bombeiros foi acionada, mas Rafael, que portava crachá indicando que ele trabalhava como vigia, não resistiu ao ferimento e morreu no local.

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