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Capital

Tapa-buracos não dá conta, e crateras voltam a incomodar dias depois

Natalia Yahn | 07/01/2016 10:17
Na Avenida Ministro João Arinos, operação já passou, mas buraco voltou. (Foto: Fernando Antunes)
Na Avenida Ministro João Arinos, operação já passou, mas buraco voltou. (Foto: Fernando Antunes)
Itamar trabalha no bairro há 15 anos e diz que os buracos sempre voltam. (Foto: Fernando Antunes)
Itamar trabalha no bairro há 15 anos e diz que os buracos sempre voltam. (Foto: Fernando Antunes)

A Operação Tapa-buracos não está dando conta da demanda em Campo Grande. A constatação é possível diante da situação de crateras em áreas recentemente atendidas voltarem a conturbar o trânsito, enquanto outras regiões da cidade sequer receberam o serviço de uns meses para cá.

O Campo Grande News esteve em locais que já receberam reparos desde o o início da operação – em 11 de novembro – e constatou que os buracos voltam a incomodar dias depois de terem recebido a ação. Por outro lado, bairros esperam há meses para, pelo menos, terem as condições das ruas um pouco melhoradas.

Na esquina das avenidas Mato Grosso e Nortelândia e na Avenida Ministro João Arinos (continuação da Rua Joaquim Murtinho) com a Rua Marquês de Lavradio, por exemplo, buracos foram tapados, mas o asfaltou voltou a ficar danificado aproximadamente 40 dias depois. Em outras vias importantes da cidade, como as Avenidas Júlio de Castilho e Zahran, e a Rua Ceará, ocorre situação semelhante.

O eletricista Vilmar Alves, 48, conhece bem o problema. Ele tem um comércio na Avenida Ministro João Arinos na frente de um buraco "famoso". “Voltei a trabalhar na segunda-feira (dia 4) e o buraco já estava. Na verdade, aqui é rua de ônibus e deveria ser bem feito o tapa-buraco, mas é de qualquer jeito e eles (buracos) sempre reaparecem”.

Segundo informações da Prefeitura, na quarta-feira (6) o trabalho de tapa-buracos se concentrava em 21 vias em seis regiões da cidade com um total de 10 equipes entre funcionários da Seintrha (Secretaria Municipal de Infraestrutura, Transporte e Habitação) e terceirizados. Mesmo assim, ruas que já receberam o serviço continuam sofrendo com as crateras que reaparecem.

Vias que não receberam a operação agonizam, como o caso da Rua Nossa Senhora das Mercês, esquina com a Rua Jeribá. O local fica no Bairro Chácara Cachoeira e está tomado pelos buracos. Os bairros nobres também tinham sido anunciados como prioritários para recuperação das vias.

Enquanto as ações não atendem toda a demanda os moradores da periferia da Capital recebem as ações de recuperação com receio. Na terça-feira (5), a ação aconteceu na Avenida Orlando Daros, principal entrada do bairro Maria Aparecida Pedrossian e via de acesso a outros conjuntos habitacionais – Oiti e Jardim Samambaia –, que está há muitos meses tomada por crateras.

Lá os moradores e comerciantes acreditam que o ideal seria o recapeamento total, não apenas o tapa buraco. Isso porque assim que o trabalho é concluído, dizem, novos buracos deixam a rua quase intransitável de novo.

O comerciante João de Deus, 69 anos, vive no Maria Aparecida Pedrossian há 18 anos e tem comércio na avenida onde foi realizado o tapa-buracos esta semana, mas está com medo de que a rua volte a ficar esburacada novamente nos próximos dias. “Só de olhar a gente percebe que o serviço é mal feito. Só tapam o buraco e não resolvem o problema, logo que a equipe vai embora o buraco volta no mesmo lugar e até maior”, afirma.

E mesmo para quem trabalha remendando pneus o problema dos buracos atrapalha. O borracheiro Itamar Dias, 59 anos, no ramo há 37 anos, afirma que tem perdido clientes. “A maioria dos pneus estoura em dois ou mais lugares, entorta a roda, acaba perdendo tudo. Um remendo que seria R$ 20 resulta em troca. Aí a pessoa não gasta menos de R$ 300 e eu não faço o serviço. É prejuízo até pra mim”, comenta.

O prefeito de Campo Grande, Alcides Bernal (PP), disse na segunda-feira (04), que o serviço de tapa-buraco seria intensificado. Mas, até agora a operação não ganhou forças e o serviço continua prejudicado por conta das chuvas. 

De acordo com Bernal, em um primeiro momento, as vias de maior fluxo e aquela onde houve maiores danos devem ser priorizadas. O objetivo é dar seguimento ao plano de recuperação das vias iniciado em novembro do ano passado. A previsão é de que a operação da prefeitura se estenda até fevereiro.

Conforme a Prefeitura, até o dia 23 de dezembro, 50 mil buracos foram fechados nas sete regiões da cidade, durante a operação, que custa R$ 2 milhões ao mês para os cofres públicos.

Novela - A suspensão do serviço de tapa-buraco foi divulgada em 10 de setembro – e só iniciada no dia 11 de novembro – como medida para amenizar deficit de R$ 30 milhões pelo prefeito Alcides Bernal (PP), que reassumiu em 25 de agosto. Contudo, a medida convergiu com o fim da estiagem e a chuva foi recorde em setembro. De forma paliativa, no dia 16 de setembro, uma única equipe foi colocada pela Seintrha para atender toda a cidade.

A estratégia não deu certo. Os buracos tomaram conta das vias urbanas. A situação foi do drama ao riso, com condutores reclamando de prejuízo e se valendo da criatividade para alertar sobre o perigo, com uso de galho a cadeira. Neste cenário, a prefeitura reativou contratos com cinco empresas.

No começo de dezembro, houve ameaça de parar as atividades por falta de pagamento. O atraso era desde maio.

Confira a galeria de imagens:

  • Buracos, os vilões do momento. (Foto: Fernando Antunes)
  • Bairro nobre, Chácara Cachoeira,  também foi prioritário no tapa-buracos, mas esta tomado por eles. (Foto: Fernando Antunes)
  • Na Avenida Mato Grosso do tapa buracos acontece desde o início da semana, mas alguns persistem. (Foto: Fernando Antunes)
  • "O serviço não é bem feito", afirma João de Deus. (Foto: Fernando Antunes)
  • Todo cuidado é pouco para trafegar na Avenida Orlando Daros. (Foto: Fernando Antunes)
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