Usuários dizem que paralisação de motoristas de aplicativo não afetou serviço
Usuários da plataforma relataram não ter dificuldade em solicitar corrida com motoristas de aplicativos
Apesar da Applic/MS (Associação de Parceiros de Aplicativos de Transporte de Passageiros e Motorista Autônomo de Mato Grosso do Sul) anunciar paralisação de parte dos motoristas de aplicativo em Campo Grande na manhã desta segunda-feira (15), usuários das plataformas relatam que serviço funcionou normalmente na Capital.
A auxiliar de produção Carmélia Pereira, 42 anos, relata que não estava sabendo da paralisação e que utilizou os serviços do aplicativo da Uber na manhã de hoje para ir até o Centro. Ao ser abordada pela reportagem, a auxiliar, inclusive, estava solicitando um carro novamente, para voltar para casa. Não demorou nem um minuto para que a viagem fosse aceita. "O Uber que eu peguei [mais cedo] não comentou nada comigo. Mas foi bem rápida a primeira viagem também".
A auxiliar declara que reconhece que as taxas, consideradas abusivas pelo motoristas, prejudicam o trabalho dos usuários cadastrados nos aplicativos. "Hoje, você ve que muita gente não quer mais trabalhar como motorista de aplicativo, porque o custo deles pra manter o carro não compensa. Às vezes, os motoristas comentam comigo, até sobre o custo da gasolina. O trânsito também não favorece com esse tanto de buraco, eles acabam saindo no prejuízo”.
O líder de produção André Moreira, 24 anos, relata que notou uma demora na manhã de hoje para encontrar um motorista, mas conseguiu realizar a corrida do Bairro Santa Mônica até o Centro. André declara que diminuir as taxas beneficia não apenas os motoristas, mas os usuários também, pois dessa forma eles não abandonam as plataformas.
"Ficaria bom para eles e para a gente também se baixarem, porque se diminui o número de motoristas, prejudica a gente, porque demora mais para encontrar. Eu uso para resolver emergências, às vezes para ir ao médico, e se não tem motorista fica mais difícil”.
A estudante Gisele Alves, 20 anos, utilizou o serviço por volta das 8h, para ir do Jardim dos Estados até o Monte Castelo, onde faz estágio, e depois pediu outro carro novamente, para ir até o Centro. A estudante não constatou nenhuma anormalidade na hora de solicitar as corridas.
Gisele não estava sabendo da paralisação, mas concorda com a iniciativa, pois acredita que a melhoria dos serviços oferecidos pelos aplicativos, tanto para os motoristas quanto para os passageiros, garante a continuidade do funcionamento. "Se está tirando do bolso deles, é bom que revisem as taxas. Não faz sentido aumentar a cobrança se não tiver melhorias para eles, é bom que paralisem sim. [Os aplicativos] trazem praticidade, porque diferente do táxi você não precisa ir em um ponto ou ligar para um telefone que podem não atender”.
Paralisação - Os motoristas de aplicativo de Campo Grande resolveram aderir à paralisação nacional nesta segunda-feira (15) em protesto contra a defasagem no repasse dos valores das corridas aos motoristas. Apesar da mobilização, até às 8h não havia nenhuma alteração nos valores das corridas.
Na Capital, dos 7 mil motoristas cadastrados nas plataformas da Uber e 99, é esperado que pelo menos metade dos profissionais paralisem suas atividades durante todo o dia, segundo o presidente da Applic/MS (Associação de Parceiros de Aplicativos de Transporte de Passageiros e Motorista Autônomo de Mato Grosso do Sul), Paulo Pinheiro.
Atualmente, os aplicativos cobram taxa de 25% a 40% dos motoristas, e a classe protesta para que esse valor seja reduzido a 12% e 15%. Segundo Paulo, o trabalho não cobre os gastos com o carro, como a manutenção, IPVA, internet para utilizar o aplicativo e a locação dos veículos.
"A ideia é fazer da melhor forma possível a sua manifestação, atingindo as plataformas, não aceitando as corridas e deixando os aplicativos desligados. Não tem como continuar pagando de 25 a 40% de taxa para as operadoras. O gasto que os motoristas têm hoje para manter o carro e atender a população é absurdo", declara o presidente da Applic, Paulo Pinheiro.
A reportagem entrou em contato com os aplicativos de corrida Uber e 99, mas não houve resposta até a publicação da reportagem.