Vídeo da câmera de jovem que teve carro parado à bala por delegado está perdido
Cartão da memória entregue pela artesã de 24 anos “estava corrompido”, de acordo com a perícia
Não foi possível recuperar as imagens da câmera instalada no carro da artesã de 24 anos, que foi perseguida pelo ex-chefe da Polícia Civil em Mato Grosso do Sul, Adriano Garcia Geraldo, em plena Avenida Mato Grosso, em Campo Grande. De acordo com o Wilton Vilas Boas, titular da 3ª DP (Delegacia de Polícia) e responsável pelo inquérito, o cartão de memória entregue pela jovem “estava corrompido”, de acordo com a perícia.
De acordo com o delegado, o próximo passo é recuperar imagens de mais câmeras de segurança existentes no trajeto feito pela artesã e pelo então delegado-geral para entender o que aconteceu. “Agora, estou recolhendo as últimas imagens. Tem duas que requisitei que ainda não vieram.”
Vilas Boas ressalta, contudo, que há “pontos cegos”. “Vamos tentar formar uma imagem só, o que não será possível, porque há locais onde não há câmeras, mas vamos tentar recuperar o máximo para chegar a uma conclusão.”
A perícia é que descreverá o que as imagens mostram, segundo o responsável pelo inquérito, que não detalhou se existe algum vídeo que mostra o momento exato em que Garcia Geraldo atira nos pneus do carro da jovem.
Na noite do dia 16 de fevereiro, quando ocorreu a confusão, o celular e o cartão de memória da motorista foram apreendidos pela Polícia Civil. A jovem tinha uma câmera semelhante à GoPro instalada no carro, e a imagens serviriam como prova do que aconteceu. Mas o delegado que atendeu a ocorrência, Antônio Ribas Junior, afirmou que não havia sido possível, inicialmente, ver as gravações. "Não constava nada aparentemente", disse ao ser indagado sobre as imagens.
Já a artesã chegou a declarar ao Campo Grande News que nunca teve problemas com a câmera. “Estão de enrolação”, resumiu em entrevista no dia 17. Nesta sexta-feira (4), o Campo Grande News não conseguiu contato com a moça, que não teve o nome revelado pelas reportagens até agora a pedido dela, por motivos de segurança.
Diferentes versões - Em sua versão, o delegado disse que estava em um veículo oficial descaracterizado, transitando pela Avenida Mato Grosso sentido Via Park, quando foi "fechado" pela jovem, que estava em um Renault Kwid. Ele alega que ela fugiu em alta velocidade, com manobras perigosas e só parou após disparos no pneu.
No entanto, a artesã afirma que não houve qualquer imprudência cometida por ela no trânsito. A jovem alega que afogou o carro e Adriano, que estava atrás, começou a buzinar. Ela mostrou o dedo do meio ao policial e isso teria irritado o agente, que a perseguiu e atirou nos pneus para que ela parasse.
Demissão - Depois do ocorrido, Adriano Garcia pediu demissão, alegando motivos pessoais. Oficialmente, ele foi exonerado do cargo de delegado-geral da Polícia Civil no dia 21.