Vizinhos contam desespero da mãe e se revoltam com crime brutal
A rua Vitor Horta, no Bairro José Abrão, amanheceu diferente. Vizinhos revoltados com a morte brutal da menina de 2 anos, que a polícia suspeita ter sido estuprada e agredida, tentam entender a tragédia e principalmente a atitude de um homem que cresceu no bairro e agora é acusado de ser o responsável pela morte da enteada. O crime aconteceu na tarde de ontem (18) e Fernando Floriano Duarte, de 33 anos, continua preso.
Entre os moradores o sentimento de espanto é compartilhado. A diarista Shirlei Maria de Souza, 52 anos, presenciou o desespero da mãe e ainda a ajudou a socorrer a filha. Ela conta que estava em frente de casa tomando tereré com o marido quando viu a mãe sair de casa com a criança no colo e pedindo socorro.
A menina estava desfalecida, sem roupas, suja de fezes e com hematomas pelo corpo. Shirlei correu até a mãe e acionou a Polícia Militar. O Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) também foi chamado, mas um vizinho passou de carro pelas mulheres e a criança acabou sendo socorrida por ele. Apesar das tentativas da equipe da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da Vila Almeida, a criança não resistiu aos ferimentos.
Para quem presenciou o desespero de uma mãe e a morte de uma criança, o que resta é a indignação. “Estou chocada com o que eu vi ontem, nunca pensei na minha vida que isso iria acontecer do meu lado. Ele é um psicopata, foi criado no meio de todo mundo e ninguém poderia imaginar que um dia isso pudesse acontecer”, desabafa a diarista.
Fernando vivia com a mulher e os dois enteados em uma casa dos fundos do terreno dos pais dele. O casal de feirantes é bastante conhecido no bairro e mora com os três filhos de Fernando com outra mulher.
Outra que teve contato com a família agora atingida pela tragédia é a auxiliar de serviços gerais Daniele Oliveira da Silva, 29 anos. Ela foi babá dos filhos de Fernando com a antiga mulher e revela que o homem sempre se comportou de forma agressiva e que já tentou bater nela uma vez.
“Isso é revoltante, a gente não pode imaginar uma coisa dessa. Como que ele pode fazer isso sendo criado pelos pais que tem?, questiona. Daniele conta ainda que os problemas com álcool pioravam a agressividade de Fernando.
O vendedor Vinícius Neves, 32 anos, é amigo de infância de Fernando. Ele confirma a “loucura” que atingia o amigo toda vez que tinha contato com a bebida. Pai de uma criança de 1 ano e meio, o vendedor ainda não acredita no que aconteceu. “Quem faz isso com uma criança não merece perdão. Não se faz com ninguém, muito menos com criança”, desabafa.
Crime - Fernando foi preso logo depois do crime e, ouvido na delegacia, negou ter agredido ou estuprado a menina e o enteado de 6 anos, a criança também possui hematomas pelo corpo. Fernando disse que estava limpando o jardim da casa onde vivia com os enteados e a mulher, mãe das crianças, quando a menina de 2 anos chegou e atrapalhou. Ele contou à polícia que mandou a criança ir para dentro da casa, foi aí, segundo ele, que a menina teria tropeçado e batido a cabeça no sofá.
Essa é a justificativa do suspeito para o grande hematoma encontrado na parte de trás da cabeça da menina. No entanto, os levantamentos iniciais da perícia dão conta de que há vários hematomas nos braços da criança. O enteado de 6 anos contou aos policiais que também foi agredido com um soco na boca, mas o suspeito nega. Depois do crime, o homem trocou de roupa, saiu de casa foi até um bar beber e ainda raspou a cabeça.
O corpo da criança só passará por exame necroscópico a partir das 8 horas, no IMOL (Instituto de Medicina e Odontologia Legal), e o velório deve acontecer em Bandeirantes, distante 70 quilômetros da Capital. O caso deve ser repassado à DPCA (Delegacia de Proteção a Criança e ao Adolescente) ainda hoje.