Zeolla fica 15 minutos com delegado, se nega a falar e inquérito é encerrado
Procurador aposentado é suspeito de estuprar duas crianças e um adolescente no ano passado
Em cerca de 15 minutos, o procurador de Justiça aposentado Carlos Alberto Zeolla não falou nada durante o seu depoimento prestado na tarde de hoje (4), na Depca (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente), sobre a suspeita contra ele de ter estuprado um adolescente e duas crianças no ano passado. Conforme o delegado Mário Donizete Ferraz de Queiroz, oito perguntas foram feitas, mas o suspeito afirmou que usará seu direito constitucional de falar somente em juízo.
Zeolla saiu do Centro de Triagem de Campo Grande em viatura da Polícia Civil e chegou à delegacia no banco de trás, sem algemas, por volta das 15h. Cerca de 15 minutos depois, ele foi reconduzido ao complexo penal da Capital da mesma forma que chegou, sem dar declarações. Conforme o advogado, Rodrigo Paz, a defesa aguarda a decisão do TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) sobre um segundo pedido de habeas corpus.
“Como o processo está em segredo de Justiça, não posso falar sobre o depoimento. O inquérito deve ser encerrado hoje e vai para o MPE (Ministério Público Estadual). O HC [habeas corpus] foi impetrado na quinta-feira (30) e vamos aguardar”, resumiu o advogado de defesa.
De acordo com o delegado responsável pelo caso, Mário Donizete, uma lista de oito perguntas foram feitas para tentar esclarecer os últimos detalhes sobre o inquérito, mas nenhuma foi respondida. “Ele não disse absolutamente nada. Usou o direito constitucional de falar somente em juízo. Fiz oito perguntas para saber, por exemplo, se ele frequentava o bairro onde as vítimas moravam, se conhecia os três garotos, se dava bebida alcoólica e presentes para eles, mas nada foi respondido”, comentou.
Ainda segundo o delegado, Zeolla não demonstrou reação alguma. “Nem negou e nem confirmou os fatos”, completou. Hoje o inquérito policial será encerrado pelo delegado e o procurador aposentado será indiciado por estupro de vulnerável, exploração sexual de criança e adolescente e fornecer bebida alcoólica para criança e adolescente. “A fase policial se encerra hoje. Agora o Ministério Público irá se basear nos depoimentos colhidos e na entrevista psicossocial das vítimas”, concluiu.
Caso - As investigações do caso começaram em 2015, quando um adolescente de 13 anos agrediu a mãe. Ele disse que um homem iria levá-lo para a Alemanha, mas o suspeito estaria cobrando “favores sexuais” do garoto. A mãe questionou a situação e foi agredida pelo adolescente. O caso foi registrado na Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), que abriu inquérito.
Além do adolescente, a polícia identificou mais dois meninos de 10 e 11 anos, vítimas do suspeito que seria um homem conhecido como “Carlos Xará”. As duas crianças relataram que eram embebedadas antes dos abusos, além de serem sempre presenteadas com celulares, dinheiro e perfumes.
Em 2011, Zeolla foi condenado por matar o sobrinho. A condenação foi em regime semiaberto, mas ele obteve autorização para ficar internado em uma clínica e, atualmente, já estava em casa.