Cela 17 recebe procurador após ser endereço de presos da Lama Asfáltica
A cela 17 do Centro de Triagem, em Campo Grande, tem se tornado “endereço” dos presos famosos. Desde ontem, um dos ocupantes é o procurador aposentado Carlos Alberto Zeolla. “Ele está no Cento de Triagem, na cela 17, com 24 pessoas”, afirma o diretor-presidente da Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário), Airton Stopa.
Pela mesma cela passaram Edson Giroto (ex-secretário estadual de Obras e ex-deputado federal); o empresário João Amorim (dono da Proteco Construções); Wilson Roberto Mariano de Oliveira, o Beto Mariano (servidor da Agência Estadual de Empreendimentos e ex-prefeito); e Flávio Henrique Garcia Scrocchio (empresário e cunhado de Giroto).
Todos foram preso na segunda fase da operação Lama Asfáltica, realizada pela PF (Polícia Federal). Eles deixaram o Centro de Triagem na madrugada da última quarta-feira (dia 22).
De acordo com Stropa, o perfil dos demais ocupante das celas é de pessoas com ensino superior e de presos servidores públicos.
Procurador - Zeolla foi preso na sua casa, em Campo Grande, na manhã de ontem (dia 24). O mandado de prisão preventiva foi expedido pela 7ª Vara Criminal e cumprido pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado).
Responsável pelo caso, o delegado Mario Donizete Ferraz de Queiroz, da DEPCA (Delegacia de Proteção à Criança e Adolescente), afirmou ontem que as investigações sobre Zeolla começaram a ser feitas em 2015, quando um adolescente de 13 anos foi até a Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) e denunciou que era abusado por um homem conhecido como “Carlos Xará”, que seria procurador aposentado.
Na época, a polícia identificou mais dois meninos: de 10 e 11 anos. O adolescente de 13 anos teria dito que Zeolla prometeu levá-lo à Alemanha para passear, enquanto as outras duas crianças relataram que eram embebedadas antes dos abusos.
Aflito – O advogado José Belga Trad esteve com Zeolla neste sábado (dia 25) e reclama que o cliente não foi ouvido durante a investigação. “Ele está aflito, como todo aquele acusado que não tem direito de ser ouvido. Ele tem muita coisa para esclarecer. Se tivesse sido ouvido antes, muito provavelmente não teria sido decretada a prisão”, afirma.
A defesa pede que ele seja transferido para sala de Estado Maior ou fique em prisão domiciliar. A expectativa é que a solicitação seja analisada na segunda-feira (dia 27).