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Cidades

Com 80 mil inscritos em MS, Encceja retrata problemas na educação

Número de pessoas que vão fazer exame para obter diploma é parecido com o total de inscritos no Enem

Ricardo Campos Jr. | 17/11/2017 15:26
Estudantes que fizeram o Enem em Campo Grande no último fim de semana (Foto: Marcos Ermínio)
Estudantes que fizeram o Enem em Campo Grande no último fim de semana (Foto: Marcos Ermínio)

Com 80.024 inscritos em Mato Grosso do Sul, o Encceja (Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos) reflete as mazelas da educação brasileira. A principal delas, na avaliação do doutor em educação e professor da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) Antônio Osório, é a evasão motivada por fatores socioeconômicos.

Se as faltas no próximo domingo (19) forem poucas, mais gente terá feito o Encceja do que o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), que contando com a taxa de abstenção teve 58,8 mil candidatos.

Essa comparação, feita excluindo-se as particularidades de cada uma das avaliações, mostra o volume de pessoas que por motivos diversos não terminaram os estudos e agora querem recuperar o tempo perdido.

“As provas são diferentes. Essa comparação mostra o baixo número de inscritos do Enem, que antes dava essa certificação. Eu achava isso muito importante e, para mim, era uma das coisas mais positivas. Você não diferenciava o que recebeu o certificado e poderia ingressar em uma universidade, tal como o que concluiu os estudos em tempo hábil”, pondera.

Por outro lado, a procura pelo Encceja, segundo ele, aponta os graves problemas do ensino, principalmente do ensino médio.

“Em média um terço dos egressos do ensino fundamental não vai para o médio. Os fatores são vários, mas a principal dela é a inserção [precoce] no mercado de trabalho por questões econômicas. Outro problema que tem influenciado bastante é a gravidez prematura”.

A busca pelo Encceja, para Osório, está atrelada ao mercado de trabalho, já que as empresas cada vez mais têm cobrado no mínimo o segundo grau para contratar funcionários.

“No estado de Mato Grosso do Sul é bastante difícil, pelo estilo de estrutura que a gente tem, fazer o ensino médio. Muita gente mora na zona rural e há precariedade no ensino. Com a reforma que começou a ser implantada esse ano [pelo Governo Federal] em Dourados é assustadora a quantidade de alunos que saíram da escola, porque agora é integral e eles trabalhavam no contraturno”, completa.

Prova - Somente para a prova de conclusão do Ensino Médio, se inscreveram mais de 60 mil pessoas em Mato Grosso do Sul. Ao todo, foram 19.483 inscritos para o exame de certificação do Ensino Fundamental.

Para saber o local de prova, os candidatos devem consultar o site do Inep (Instituto Nacional de Estudos Educacionais e Pesquisas Anísio Teixeira) clicando aqui.

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