Coronel conhece índios da Amazônia, mas ainda sabe pouco da Funai
Renato Sant'Anna diz que se 'arregaçar as mangas' terá sucesso, mas ainda precisa 'ter uma noção de como o órgão funciona'
Nomeado para ser coordenador-regional da Funai (Fundação Nacional do Índio) em Campo Grande na quinta-feira (10), o coronel reformado do Exército Renato Vida Sant'Anna garante que é um homem sem partido, porque "os militares servem ao País". Ele, que passou 36 dos seus 70 anos servindo à corporação, diz trazer da Amazonia a experiência com tribos indígenas, mas admite que ainda sabe pouco sobre o órgão que deverá comandar.
"O militar é voltado para o pais, nosso partido é o Brasil", afirma o oficial. Em sua carreira, formação puramente militar: Academia Militar das Agulhas Negras, Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais e Escola de Comando e Estado-Maior do Exército.
Sant'Anna nunca teve um cargo ligado diretamente às questões indígenas. Mas, lembra que já trabalhou com índios durante o tempo que comandou um batalhão na Amazonia e participou da Ação Cívico Social.
"O contato que eu tive (com os índios) foi prestar ações sociais, de saúde e tudo que o Exército poderia ajudar. É único órgão público que vai em locais onde ninguém chega. A experiência que eu tenho é essa", detalha.
Mas, na visão do coronel, o Exército estuda todos os temas relacionados ao Brasil e tem uma visão macro dos problemas indígenas. Para ele, assumir o comando local da Funai é um desafio, e que se "arregaçar as mangas" terá sucesso na função.
"Depois que assumir, vou ver o que dá para fazer e o que pode ser feito. Acho que dá para fazer muita coisa, minha dedicação total será a isso", promete Sant'Anna.
O coronel da reforma foi recomendado pelo deputado federal Carlos Marun (PMDB-MS). Conta que foi pego de surpresa pela indicação, mas, quando procurado pelo parlamentar, respondeu que ajudaria no que fosse possível e ainda destacou que primeiro precisa assumir, para depois ter uma noção de como o órgão funciona.
Manifestação - A nomeação de um coronel reformado do Exército para comandar um órgão que cuida de índios gerou reclamações. A sede da Funai na Capital, por exemplo, foi invadida por manifestantes contrários à medida tão logo a notícia surgiu e segue assim até o momento.
Sant'Anna avalia que as pessoas não o conhecem e que o motivo da aversão não seria pessoal. "Os índios alegam que não foram consultados, então acredito que não seja uma manifestação contra a minha pessoa".
Ele disse também que pensou em visitar o prédio da Funai em Campo Grande e conversar com as lideranças, mas repensou e analisou que seria uma afronta aos manifestantes. Neste caso, pretende esperar o clima melhorar.
"Vamos esperar acalmar e ver exatamente o que eles querem. O importante é que tem que vestir a camisa da causa indígena".
Ao contrário do que foi divulgado, o coronel ressalta que não possui propriedade rural e nem está ligado a ruralistas, com quem os indígenas mantêm uma disputa histórica por terras.
Ainda não tem data marcada para a posse. Ele diz que vai esperar a conversa entre o comando central da Funai, em Brasília (DF), e os índios. "Eles podem achar que minha posse é uma afronta. Estive falando com Brasília e decidimos esperar".