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Cidades

De "cracolândia", Oswaldo Cruz passa a resgatar jovens

Redação | 19/04/2010 10:23

O tradicional colégio Oswaldo Cruz, que durante anos serviu de abrigo para moradores de rua e usuários de drogas, foi reaberto nesta manhã após ser restaurado e reformado pela prefeitura da Capital.

O espaço, cedido pela Santa Casa de Campo Grande, abrigará um projeto pioneiro no Brasil, que funcionará como uma alternativa para garotos de 15 a 17 anos que ainda não concluíram o ensino fundamental.

O projeto Traje (Travessia Educacional de Jovens Estudantes) foi criado após o MEC (Ministério da Educação) proibir o ingresso de jovens com menos de 18 anos no EJA (Educação de Jovens e Adultos).

Além de concluir o ensino fundamental em três anos, eles terão estrutura que facilitará o ingresso no mercado de trabalho.

Serão oferecidas oficinas de artes cênicas, informática voltada para o design gráfico e sistemas operacionais, percussão, monitoramento e promoção de eventos e curso de DJ.

De início, 20 profissionais trabalharão no colégio Oswaldo Cruz, mas o número de professores deve chegar a 30 com o avanço do projeto. A unidade tem capacidade para atender 1500 alunos, em três turnos. Atualmente, 600 jovens estão matriculados.

Para ingressar no colégio e participar das oficinas, o candidato passa por um processo de avaliação. No local, são ministradas todas as disciplinas de uma escola regular.

Hoje, pelo menos 4 mil jovens de Campo Grande estão em situação de distorção idade/ano escolar, segundo informou a secretária municipal de Educação, Maria Cecília Amêndola.

O prefeito Nelsinho Trad (PMDB) informou que a escola passou por reforma, mas sem alteração na estrutura, por se tratar de um prédio histórico.

A unidade recebeu piso novo, forros e janelas novas, entre outras melhorias. Foram investidos R$ 500 mil até o momento, mas a obra ainda não foi totalmente concluída.

Já está em fase de implantação dois laboratórios de informática, com capacidade para 25 computadores cada, além de dois laboratórios de ciências, um de artes cênicas, auditório e sala para a prática de artes marciais.

Futuramente, segundo o prefeito, cada sala de aula deve ser equipada com uma televisão, que servirá de apoio audiovisual nas aulas.

Da cerimônia de entrega da reforma da escola, participaram vários ex-alunos ilustres, como o deputado federal Waldemir Moka (PMDB), o deputado estadual Rinaldo Modesto (PSDB), e o jornalista Pierre Adri.

Tanto Moka, que foi professor, quanto o prefeito Nelsinho Trad, disseram que esta é uma oportunidade "de ouro" para que estes jovens recuperem o tempo perdido nos estudos e se insiram no mercado de trabalho.

"O que passou, passou, ninguém quer saber o motivo de vocês não terem concluído os estudos no tempo certo, vocês têm é que agarrar esta oportunidade com unhas e dentes", discursou o prefeito.

A coordenadora geral do Ensino Médio do MEC, Edna Borges, participou da inauguração da reforma e revelou dados preocupantes e deficiências no sistema brasileiro de ensino.

Segundo ela, 3 milhões de jovens em todo o Brasil de 15 a 17 anos deveriam, mas não conseguiram concluir o ensino fundamental.

"O sistema brasileiro de ensino é excludente", disse.

A coordenadora elogiou o projeto pioneiro desenvolvido pela prefeitura de Campo Grande em um lugar antes conhecido como "cracolândia". "Fico esperançosa quando vejo um projeto como o Traje. Campo Grande sai na frente com uma proposta específica de ensino de jovens", concluiu.

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