ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, DOMINGO  24    CAMPO GRANDE 29º

Cidades

Deficiência em perícia destrói grandes investigações

Redação | 04/12/2009 16:51

Deficiência estrutural e falta de procedimentos durante perícias, destruíram investigações importantes em Campo Grande, como o Caso Motel e o desaparecimento do menino Dudu.

As falhas voltaram a ser discutidas hoje, durante debate com a perita criminal Rosângela Monteiro, de São Paulo, responsável pelo caso que ficou conhecido como "Isabella Nardoni". A presença dela deixou evidente como o trabalho correto pode solucionar casos até quando não existe testemunha.

Em Campo Grande, o "Caso Motel", como ficou conhecido o duplo assassinato dos jovens Murilo Boarin Alcalde e Eliane Ortiz, é o típico exemplo do insucesso da perícia. Eles foram encontrados mortos em um quarto do motel Chega Mais, no Jardim Paulista, em 21 junho de 2005, e ninguém está preso pelos crimes.

"Começou mal e está terminando mal", afirma a diretora da Coordenadoria de Perícias de Mato Grosso do Sul, Ceres Maksoud. Ela explica que quando a equipe de peritos chegou ao local onde os jovens foram encontrados havia muitas pessoas.

Ela explica que, desta maneira, não se sabe se o que foi deixado no motel era da cena do crime ou foi acrescentado.

Segundo Ceres, coletaram carrapicho, um indício de que a pessoa passou por outro local do casal ir ou ser deixado morto no quarto.

Foi apreendida uma bituca de cigarro e por meio de DNA a perícia identificou material genético compatível com o de Eliane.

Festa - Na sala onde era feita a necropsia dos jovens havia mais de 30 pessoas, entre funcionários da boate onde Eliane trabalhava como garota de programa, pessoas ligadas ao motel e policiais não relacionados à investigação.

Resolução criada em 2007 surgiu como um divisor de águas. Ceres garante que a norma define o que cada um deve fazer para não alterar a cena do crime.

Para Ceres, a regulamentação dá melhores condições de trabalho aos peritos. "Agora ele se tornou o verdadeiro dono do local do crime", completa.

O caso Dudu, como ficou conhecido o desaparecimento do menino Luiz Eduardo Gonçalves, 11 anos, também tem deficiência de provas materiais. O menino foi morto, conforme a confissão de alguns envolvidos, e pedaços de ossos foram encontrados na área onde supostamente o corpo foi enterrado.

Duas pessoas estão presas e três adolescentes apreendidos pelo assassinato. No entanto, o DNA feito nos pedaços de ossos não comprovam que se trata do corpo do menino Dudu, que sumiu na região do Jardim das Hortênsias em 22 de dezembro de 2007.

Sucesso - Com uma realidade bastante diferente da sul-mato-grossense, peritos paulistas conseguiram desvendar o caso da menina Isabella Nardoni, crime ocorrido em 29 de março de 2008. O pai da garota, Alexandre Nardoni, e a madrasta, Ana Carolina Nardoni, estão presos pela morte de Isabella.

Logo ao chegar no apartamento de onde a menina foi jogada, os peritos suspeitaram da versão do casal. Alexandre e Ana Carolina diziam que a casa havia sido invadida por um desconhecido.

A local do crime foi devidamente preservado e, desta maneira, foi possível elucidar o caso.

Com uma empresa terceirizada, e os peritos, a Coordenadoria de Perícias de São Paulo fez uma demonstração animada, rica em detalhes, que mostra o que ocorreu no dia do crime. O material, de nove minutos, traz até a expressão da menina quando foi agredida.

O trabalho aponta que dentro do carro, na chegada da garagem do prédio, a menina foi agredida na testa. O sangue foi limpo com uma fralda, que não havia sido localizada no primeiro momento da investigação.

No colo do pai, a menina chegou à sala, onde foi jogada no chão. Aos prantos, Isabella foi esganada pela madrasta e morreu.

Com base na perícia, foi concluído que Alexandre foi à cozinha, pegou uma faca e uma tesoura, usados para cortar a tela de proteção do quarto do apartamento de onde a menina foi jogada.

Rosângela ressalta que a perícia é fundamental para esclarecer um caso destes, onde não há testemunhas. No apartamento havia pingos de sangue e marcas deixadas na colcha da cama em que Alexandre subiu para jogar a menina.

Para Rosângela, como a cena do crime foi preservada, a equipe conseguiu traçar uma linha de investigação. Ela destaca que a prova testemunhal ou técnica têm o mesmo peso.

A perita criminal é coordenadora técnica do Núcleo de Perícias em Crimes Contra a Pessoa do Instituto de Criminalística de São Paulo e atuou na investigação da morte de Isabella. Rosângela participa hoje do X Seminário Regional dos Peritos Oficiais de Mato Grosso do Sul, evento promovido pela APO/MS (Associação dos Peritos Oficiais do Mato Grosso do Sul).

Nos siga no Google Notícias