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Cidades

Ele teve meningite, quase morreu, mas conseguiu a atenção de um médico

Elverson Cardozo | 16/07/2013 08:53
Depois do susto,  Cesar ainda está em tratamento. (Foto: Marcos Ermínio)
Depois do susto, Cesar ainda está em tratamento. (Foto: Marcos Ermínio)

Cesar Ferreira da Silva, 34 anos, hoje consegue contar essa história, mas há menos de um mês, quando foi parar no hospital, com dores e calafrios, nem ele, nem a família, muito menos os médicos, enxergavam essa possibilidade. No auge do sofrimento, alguém já havia dito à esposa do empresário: prepara a família, porque, se viver, é sorte. Foi sorte mesmo, mas o diagnóstico correto, ainda em tempo, ajudou. Cesar sobreviveu, está bem, ainda em tratamento, recebendo medicação para evitar a reincidência da meningite que ele diz ser bacteriana.

A morte de um músico por conta da mesma doença, neste final de semana, motivou Juliana Villalta, 28 anos, esposa dele, a chamar a equipe de reportagem do Campo Grande News para relatar o que viveu.

O marido podia ter morrido e ela, com a experiência traumática, quer ajudar outras pessoas. Há exatos 26 dias, Cesar Ferreira saiu, em companhia dela, para jantar. Na volta para casa, depois das 21h, começou a passar mal. A esposa o levou a um hospital particular, pagou R$ 370,00 pela consulta e ouviu do médico: “é virose”.

O paciente, a essa altura, não tão bem, mas mais tranquilo com a notícia, teria recebido medicação intravenosa. Segundo ele, soro e dipirona. Mais tarde, às 4h da madrugada, já estava de alta.

O dia seguinte poderia ser melhor, mas não foi. “Eu levantava e deitava. Comecei a ter alucinações”, conta. Cesar voltou ao hospital, em outra unidade, com o coração, relata, a um ritmo de 40 batidas por minuto, enquanto o normal é de 60 a 100.

Às 16h daquele sábado, a equipe médica chamou Juliana para uma conversa franca, que ela não quis acreditar: o quadro do esposo, pelo visto, era irreversível. Era bom a família se preparar. Felizmente, uma luz surgiu no fim do túnel. Alguém da equipe resolveu averigar melhor o paciente, que foi submetido a uma punção, na coluna, segundo relatos.

O diagnóstico não demorou a sair. O paciente estava com meningite. Foi medicado e, às 21h daquele mesmo dia, estava melhor, consciente. A alta veio cinco dias depois.

A história, pelo menos desta vez, e neste caso, parece ter tido um final feliz, mas para que o enredo fosse esse, a família do empresário, proprietário de uma lava-jato em Campo Grande, teve de ajudar nas despesas que, no final das contas, ficou em pelo menos R$ 11 mil.

Esposa acha que, se o atendimento fosse pelo SUS, paciente não teria chance. (Foto: Marcos Ermínio)
Esposa acha que, se o atendimento fosse pelo SUS, paciente não teria chance. (Foto: Marcos Ermínio)

O gasto é inferior ao preço da vida que, aliás, não está à venda em nenhum lugar do mundo, mas a experiência gerou revolta. “Fui ao hospital passando mal e o médico plantonista me liberou dizendo que era virose, mas no dia seguinte fiquei inconsciente. [...] Eu tenho uma filha de 7 anos para criar e uma esposa”, lamenta.

Juliana compartilha do discurso, concorda, e acrescenta, sem medo de errar: “Eu avalio que isso foi erro médico”. Cesar tem, na avaliação dele, motivos suficientes para acreditar nisso.

“Para mim, o médico examina, mas quando não sabe, diz que é virose. A medicina hoje trata a gente dessa forma”, disse, revoltado. Para o casal, a situação, expõe o despreparo, o casos na saúde, até mesmo para quem tem a possibilidade de bancar um tratamento na rede particular.

Se fosse pelo SUS (Sistema Único de Saúde), diz Juliana, é bem provável que o marido tivesse morto, mas há exceções, ela ressalta, acrescentando que, em todo caso, a diferença entre o atendimento bom ou ruim, na rede pública ou privada, está no profissional que honra o que faz e valoriza o juramento que fez quando, formado, depois de anos de estudos, decidiu salvar vidas.

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