De 11 mil vagas, só 1,6 mil contratados: gargalo é salário e "trampo" no sábado
Funsat ofereceu média de 1 mil vagas por dia o ano inteiro até para pessoas sem experiência alguma
É um fenômeno do mercado de trabalho em Campo Grande. Cada um arrisca um palpite, mas com o desemprego em alta ninguém sabe explicar com exatidão o porquê de 11 mil vagas e somente 15%, ou seja, 1,6 mil preenchidas, durante todo o ano de 2021. Essas foram as oportunidades de diversas empresas que anunciaram no banco de empregos da Funsat (Fundação Social do Trabalho de Campo Grande).
Não falta diversidade na oferta. Por dia, são cerca de 1 mil vagas, que vão de ajudante em vários setores até engenheiro em diversas áreas. Também não falta esforço para que os desempregados fiquem sabendo das oportunidades. As empresas cadastram a vaga na Funsat, que atende de segunda à sexta-feira e faz até um trabalho itinerante para levar aos bairros os anúncios de vagas.
Se falta experiência, não tem problema. Das 1,3 mil vagas oferecidas em um único dia pela última Funsat Itinerante do ano, no dia 17 de dezembro, 551 não exigiam experiência. Além disso, 76 foram para pessoas com algum tipo de deficiência.
Por dia, cerca de 200 pessoas passam pela fundação para fazer a carteira de trabalho, dar entrada no seguro desemprego ou buscar uma vaga, segundo o coordenador de vagas da Funsat, João Alberto Benitez Júnior.
O gargalo das vagas
A procura por vagas até é alta, mas na “hora h” muita gente desiste do emprego, segundo o diretor-presidente da Funsat, Luciano Martins.
“Já recebi gente aqui que chegou praticamente chorando, dizendo que precisava muito de qualquer oportunidade de trabalho para sobreviver. Então, encaminhei ao atendimento e foi marcada entrevista na empresa, mas ao chegar lá a pessoa não quis a vaga porque tinha que trabalhar no sábado”, conta Luciano.
O entra e sai na Funsat se dá até na véspera do ano novo. Depois de dez anos trabalhando em uma empresa, Robson Jorge Machado, de 44 anos, ficou desempregado inesperadamente e na manhã do dia 29 esteve na fundação para dar entrada no seguro desemprego.
Robson arrisca uma explicação para vagas sobrando, mesmo com tanta gente desempregada. Ele acredita que os mais jovens são os menos interessados em trabalhos que incluem expediente no fim de semana e, além disso, os salários das vagas não são muito bons.
“Hoje em dia, não me importo de trabalhar fim de semana, mas quando era jovem cheguei a perder um emprego por causa disso. Para mim, fim de semana era para ficar de boa. Teve um sábado em que faltei e quando cheguei lá, na segunda, já estava demitido. Muitas vezes, o salário não ajuda também, porque é muito baixo”, lembra.
Enquanto alguns recusam oportunidades, os mais decididos aproveitam até os últimos dias do ano para tentar entrar em 2022 empregados.
Há dois meses desempregado, Adriano Carvalho da Mata, de 28 anos, saiu da fundação com o encaminhamento para uma vaga de ajudante de carga e descarga de mercadoria em um atacado da cidade.
Ele adianta que o trabalho no fim de semana não é problema. “Geralmente, nessa área a gente trabalha sábado das 8h até às 11h, mas geralmente as pessoas não gostam mesmo de trabalhar no sábado”, diz.
Funsat - O atendimento vai até quinta-feira (30) das 7h30 às 17h30. Após o feriado de ano novo, a fundação volta a atender na segunda-feira (3).
Apesar da procura, o atendimento é rápido e nesta semana em média 20 pessoas têm sido encaminhadas para entrevista nas empresas, por dia. A busca por vagas e ofertas costumam aumentar no início do ano, conforme João Alberto.
Clique aqui para ver a lista das 1.074 vagas de emprego oferecidas hoje pela Funsat.