Viagem de 3 mil km e 4 dias no ônibus: trabalhadores do País descobrem Inocência
Objetivo é economizar, com moradia, alimentação e transporte pagos pelas empresas
Nova “fronteira” da celulose em Mato Grosso do Sul, a cidade de Inocência, a 331 km de Campo Grande, é o destino de milhares de trabalhadores, que percorrem também muitos quilômetros, vindos, principalmente, das regiões Nordeste e Norte do País.
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Trabalhadores de diversas regiões do Brasil, incluindo Nordeste, Norte e Minas Gerais, estão migrando para Inocência, MS, atraídos por oportunidades de trabalho na construção civil e em novas indústrias como a de celulose. A cidade, que tradicionalmente era focada na pecuária, está passando por grandes transformações com a chegada de investimentos como uma fábrica da Arauco, um terminal intermodal da Suzano e um novo aeroporto.
Com o sol forte e muito calor, quem está de folga se reúne na praça, ao lado da rodoviária, que concentra as poucas árvores disponíveis na área urbana. Janilson Rodrigues, 43 anos, viajou quatro dias de ônibus para chegar, do Rio Grande do Norte, à cidade do interior de Mato Grosso do Sul. A passagem foi paga pela firma.
A distância de mais de três mil quilômetros da viagem é comum para o trabalhador da construção civil, que já passou temporada em Santa Catarina. “Inocência é aconchegante, tranquila”, afirma Janilson, que deixou a esposa e dois filhos em Natal.
Ele conta que no alojamento encontrou um Nordeste. Lá tem trabalhadores de Pernambuco, Sergipe, Alagoas, além de pessoas vindas do Pará (Norte do País).
O motorista Cleiton Barbosa Veloso, 28 anos, trocou o Maranhão por MS em busca de ganhar mais dinheiro. "Surgiu essa oportunidade e a gente veio".
A economia é porque não há gasto com moradia, alimentação e transporte, custeados pela empresa. "Não tem gasto com nada", diz Cleiton. Sobre o novo endereço, ele conta que achava que Inocência fosse menor.
Vítor Toledo, 18 anos, é de Belo Horizonte, a capital de Minas Gerais. “É a primeira vez que venho aqui e estou gostando. A cidade é boa, mas bate a saudade de casa”, diz o jovem, que trabalha como operador de máquina de terraplenagem. O objetivo é fazer uma poupança para retornar a Minas Gerais.
Aos 65 anos, Inocência, a 331 km de Campo Grande, vivencia as maiores mudanças da sua história.
Tradicionalmente terra do gado, atividade exercida pelos fundadores, mineiros que vinham em busca de vida melhor, a cidade testemunha a chegada de fábrica de celulose da Arauco (US$ 4,6 bilhões), terminal intermodal da Suzano (que escoa a produção da planta de Ribas do Rio Pardo para o Porto de Santos), aeroporto (recurso de R$ 15,4 milhões do governo estadual) e investimentos por todos os lados, como de hotel que pode alojar 1.600 pessoas.
A fábrica está na etapa de terraplanagem, mas, no pico da construção, deve chegar a 14 mil trabalhadores. Contudo, já é grande o movimento de funcionários de outras empresas, como de engenharia e sistema de automação. Por todos os cantos, se vê pedreiros em ação e betoneiras rodando o concreto.
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