Entidades denunciam Acrissul e Famasul ao MPF por incitação à violência
Movimentos sociais e indígenas denunciaram, nesta quarta-feira (4), a Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul) e a Famasul (Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul) ao MPF (Ministério Público Federal) por “incitação à violência”. As entidades, inclusive, cobraram a abertura de ação penal para investigar a suposta formação de uma “organização criminosa”.
A representação leva em conta o fato de a Acrissul e a Famasul liderarem a organização do “Leilão da Resistência” para arrecadar fundos a fim de proteger os fazendeiros de ocupações de terras. O recurso seria utilizado na contratação de seguranças e advogados para defender os produtores rurais.
“Representamos contra a Acrissul e a Famasul diante da incitação à violência, o que as entidades estão fazendo é o mesmo que fazem organizações criminosas”, disse o advogado Luiz Henrique Elóy. Segundo ele, o objetivo é provocar o MPF para investigar o caso e instaurar ação penal.
Nesta quarta-feira, a juíza da 2ª Vara Federal, Janete Lima Miguel, concedeu liminar e determinou a suspensão do leilão, previsto para o dia 7 de dezembro. “É uma baita vitória para a comunidade indígena”, avaliou Genito Gomes, cacique da Aldeia Guaviry, de Aral Moreira.
Ele é filho de um índio, desaparecido há dois anos e quinze dias. “Vi meu pai ser morto, mas o Polícia Federal colocou no processo que ele está vivo e o caso está parado na Justiça”, comentou. Vítima da violência no campo, ele deu ainda mais valor à suspensão do leilão. “Se não fosse cancelar, mais mortes poderiam ocorrer no campo”, frisou.
Presidente da Acrissul, Chico Maia nega que o leilão tenha o objetivo de contratar milícias. Ele disse que o objetivo é arrecadar fundos para defender os produtores rurais. Além de seguranças, eles pretendiam reforçar as campanhas e realizar a defesa dos produtores rurais em ações na Justiça.