Famasul aponta descaso e manobra do governo sobre indenização
A Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul) repudiou o desfecho da reunião, ontem, em Brasília sobre o processo de indenização por 15 mil hectares em Dois Irmãos do Buriti e Sidrolândia, a terra Buriti. Os fazendeiros querem R$ 124 milhões, enquanto o governo federal aumentou a proposta de R$ 78 para R$ 80 milhões.
Conforme nota, o fim da reunião “estarrece o setor produtivo e mostra – mais uma vez - o descaso da União para com a questão séria e delicada dos conflitos gerados pelas invasões a propriedades privadas no Brasil”. O comunicado critica o descumprimento dos prazos estabelecidos pela União e o adiamento da decisão após o começo da Copa do Mundo.
“Foi uma manobra premeditada para desviar o foco e um desrespeito aos produtores, cidadãos brasileiros, que vivem a violência de terem suas propriedades invadidas e a insegurança da constante ameaça de novas invasões”, informa o documento.
Outra frustração foi o fato de os produtores terem contratado uma empresa para elaboração de contra laudo, atendendo solicitação do Ministério da Justiça, mas a avaliação não foi aceita.
“Surpreendentemente, os representantes do Governo Federal não acolheram o contra laudo apresentado alegando ser uma avaliação de empresa privada. É inadmissível que os representantes do Governo Federal recusem um documento que o próprio Ministério da Justiça recomendou e que demandou tempo, esforço e recursos para ser elaborado”, diz a nota.
No dia 30 de maio do ano passado, a fazenda Buriti, em Sidrolândia, foi o cenário da reintegração de posse que resultou na morte do índio terena Oziel Gabriel. A situação foi o estopim para que o governo federal atuasse como mediador do conflito fundiário. Os terenas vivem em uma área de dois mil hectares.