Furnas é multada em R$ 54 mi por apagão que atingiu MS
A estatal Furnas foi multada em R$ 53,7 milhões por conta do apagão que deixou o País às escuras no final do ano passado. Mato Grosso do Sul foi um dos 18 estados atingidos pela falta de energia.
A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) entendeu que houve falhas no sistema de proteção das subestações de Itaberá (SP) e Ivaiporã (PR), ambas sob responsabilidade da estatal.
Multas para outras empresas envolvidas ainda poderão ser emitidas, informa hoje o jornal Folha de S.Paulo.
No início, o governo tentou sustentar a versão de que ninguém tinha culpa pelo blecaute, atribuindo o ocorrido inicialmente a um raio. Depois, às fortes chuvas que caíam na ocasião na região (divisa de Paraná com São Paulo).
A falha no sistema de proteção, apontada pela fiscalização da agência reguladora, também havia sido descartada por várias autoridades do governo na área de energia.
A Furnas confirmou que foi notificada, mas avisou que recorrerá à diretoria da agência reguladora. A estatal entende que não teve culpa no blecaute.
O apagão aconteceu em 10 de novembro, às 22h13. Em Campo Grande, ele durou duas horas.
Até a Santa Casa ficou no escuro naquela noite. O gerador foi ativado, mas a energia ficou reservada aos setores de emergência, como Pronto Socorro, CTI (Centro de Terapia Intensiva) e centro cirúrgico.
Nas principais avenidas da Capital, os semáforos apagados provocaram tumulto no trânsito.
O problema foi sentido em maior ou menor escala em todas as regiões do Estado. Em cidades como São Gabriel do Oeste, Coxim, Amambai, Corumbá, Ponta Porã, Rio Verde, o apagão foi geral.
Em Dourados, a segunda maior cidade do Estado, a interrupção no fornecimento durou menos de meia hora.
Também na região sul, em Amambai o problema durou 15 minutos e em Iguatemi houve apenas queda rápida de energia. Três Lagoas também ficou no escuro por cerca de uma hora.
Na ocasião, as linhas que ligam a hidrelétrica de Itaipu ao resto do país deixaram de transmitir energia, ocasionando uma série de problemas em sequência.
No total, saíram do sistema elétrico 28.800 MW (megawatts), o que equivale a 46% da carga do sistema interligado (todo o país menos RR, AM e AP) no momento do problema.
O sistema brasileiro é interligado e, por isso, falhas que acontecem em um determinado lugar se propagam para quase todo o País, com exceção da região Norte, que é isolada.
No blecaute do final do ano passado, houve curto-circuito nas linhas que ligam a hidrelétrica de Itaipu ao Sudeste do Brasil. Os sistemas de proteção deveriam ter isolado o problema na região, mas isso não aconteceu.
Além de Itaipu, as usinas nucleares de Angra 1 e 2, no Rio de Janeiro, foram desligadas, sem contar com todas as hidrelétricas no Estado de São Paulo.
Pelo menos 15 linhas de transmissão deixaram de operar. O Paraguai perdeu 980 MW, o equivalente a aproximadamente 54% da carga do País.
O blecaute atingiu 18 Estados brasileiros. Em quatro deles (SP, MS, RJ e ES), a falta de energia foi total. Foi parcial em MG, MT, GO, RS, SC, PR, AC, RO, BA, SE, PB, AL, PE e RN. Pelo menos 1.800 municípios foram afetados.