Governo cede e anuncia tabela de frete, mas caminhoneiros mantêm protesto
Após a retomada das manifestações dos caminhoneiros no país ontem (23), o Governo Federal anunciou que a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) vai publicar hoje (24) uma resolução instituindo o procedimento para elaboração da tabela de frete. Mesmo com o anúncio feito ontem a noite, os transportadores aderiram a paralisação em Mato Grosso do Sul e afirmam que não foram notificados dessa decisão do Governo.
Os caminhoneiros acreditam que o Governo noticiou a criação da tabela de frete apenas para tentar interromper as manifestações. Eles fazem paralisação na rotatória de encontro do quilômetro 466, da BR-163 e BR-262, na saída para São Paulo, em Campo Grande e no Trevo da Bandeira, cruzamento das rodovias BR-163 e MS-463, em Dourados. Na Capital, a fila de caminhões ocupa uma faixa na extensão de mais de dois quilômetros, mas não causa congestionamento e nem impede a passagem de carros de passeio, ônibus ou veículos que transportam carga viva e perecível.
Segundo o empresário Valcir Francisco da Silva, na reunião o Governo deixou claro que não faria tabela, sob a justificativa de que seria uma medida inconstitucional. “Não fomos notificados dessa decisão de criar a tabela. Além disso, agora o pessoal está irredutível e não vamos parar enquanto não tiver lei sancionada”, declarou Valcir.
A PRF (Polícia Rodoviária Federal) acompanha as manifestações em Campo Grande e Dourados. Segundo a polícia, o protesto não teve divergências até então. A justificativa do Governo quanto a inconstitucionalidade é descabida na avaliação do empresário Jairzinho Sabagioto, que atua no ramo há mais de dez anos.
“Taxistas e mototaxistas, todos tem tabela de preços. Então, o que tem de inconstitucional em termos tabela também?”, questionou, ao destacar que não houve negociação alguma na última reunião. “Vamos ficar aqui quantos dias precisar. Se faltar alimentos no país, o Governo vai ter que dar do mesmo jeito que deu para os sem-terra, indígenas e para o PT”, reforçou.
Reforço - Dessa vez, o protesto tem apoio de integrantes do movimento "Fora Dilma", que dá auxílio levando água, alimentação e banheiros químicos; além de permanecer no local com faixas e camisetas contra o Governo, na Capital.
Segundo a advogada Soraya Thronicke, o movimento composto pelas frentes “Chega de Imposto” e “Pátria Livre” resolveu apoiar os transportadores, porque agora eles também pedem o impeatchemam da presidente Dilma Roussef (PT). “Resolvemos apoiar de verdade, porque dessa vez as reivindicações deles vão além da tabela de frete. Eles querem o impeatchemam e também a reforma política”, disse.