Em protesto, caminhoneiros avisam que agora não tem água nem comida
Líderes do movimento e a PRF orientam motoristas de caminhões a ficarem em casa ou em postos; carros pequenos são liberados
Começou às 7h30 desta sexta-feira em Dourados, a 233 km de Campo Grande, o novo protesto nacional dos caminhoneiros que prometem “parar o país” para pressionar o governo a adotar a tabela de frete mínimo e reduzir o preço do óleo diesel. O bloqueio aos caminhões ocorre no Trevo da Bandeira, cruzamento das rodovias BR 163 e 463, principal acesso às regiões sul do Brasil e à fronteira com o Paraguai. Veículos de passeio e ônibus têm passagem livre, já que a estrada não está interditada.
Diferente do movimento ocorrido entre o final de fevereiro e março deste ano, os líderes do protesto afirmam que os caminhoneiros não poderão ficar estacionados próximos ao bloqueio.
Sem água e comida – “Desta vez não vamos servir água e alimentação, como fizemos no protesto passado. Estamos pedindo que os caminhoneiros fiquem em casa ou parem em um posto onde tem estrutura. Os que chegarem aqui não poderão seguir viagem, mas vamos permitir que contornem e voltem de onde vieram”, afirmou ao Campo Grande News o empresário do ramo de transportes em Dourados, Evandro Cezar.
Segundo o empresário, o objetivo do protesto é impedir a chegada de cargas nos portos e mercadorias em supermercados e demais lojas do país e dessa forma pressionar o governo a atender as reivindicações da categoria. “Se a carga não chegar no porto, no mercado, o governo começa a perder também, aí vai ter que negociar”.
Carros pequenos – Assim como Evandro Cezar, o presidente da Copersul (Cooperativa de Apoio aos Transportadores Rodoviários de Mato Grosso do Sul), João Lopes, garantiu que os carros pequenos, ônibus e ambulâncias não serão parados no bloqueio. “Nosso objetivo é sensibilizar o caminhoneiro a participar do protesto nacional e apenas veículos com carga serão parados”, afirmou.
Segundo os líderes do movimento, na região de Dourados os protestos ocorrem também em Naviraí, Ivinhema e Nova Andradina, mas devem atingir outras rodovias durante o dia. O manifesto começou ontem em outros estados brasileiros, após fracassar, na quarta-feira, uma tentativa de acordo com o governo. O Ministério dos Transportes alega que a carta mínima de frete é inconstitucional.
PRF – Uma equipe da PRF (Polícia Rodoviária Federal) acompanha o protesto no Trevo da Bandeira. O inspetor Ozanan Catelan Teixeira, chefe da PRF em Dourados, disse que a presença dos policiais é para garantir segurança e cumprir determinações judiciais já existentes ou novas que porventura forem dadas durante este protesto.
“Os caminhões não poderão ficar parados no estacionamento da rodovia e na estrada não pode ser bloqueada. Por enquanto o protesto é tranquilo e não existe interdição das pistas. Vamos acompanhar e agir quando preciso, mas sempre com diálogo e de forma pacífica”, disse o inspetor ao Campo Grande News.
Não pode bloquear – Catelan informou que o movimento tenta convencer os caminhoneiros a aderirem espontaneamente ao protesto e a ficarem nos postos. Segundo ele, os motoristas de caminhão que desejarem seguir viagem não poderão ser impedidos de passar pelo bloqueio.
A informação do chefe da PRF, no entanto, contraria declaração de um dos líderes do movimento em Dourados, Evandro Cezar. Segundo ele, embora a pista não esteja fechada, o manifesto não vai permitir que os caminhoneiros sigam viagem. “Estamos pedindo que todos fiquem em casa ou parem nos postos. Os que chegarem aqui vamos permitir que voltem, mas se insistirem em seguir viagem não vamos permitir. Quem passar vai ficar parado em outro bloqueio”.