Governo corta curso de Libras e línguas para economizar R$ 1,2 milhão
Encerramento ocorrerá a partir do mês de agosto, atingindo 825 alunos, de acordo com a secretaria.
Com orçamento “estrangulado”, o Governo do Estado reafirmou, nesta quarta-feira (26), que irá encerrar as atividades no CEL/MS (Centro Estadual de Línguas e Libras de Mato Grosso do Sul) Professor Fernando Peralta Filho, em Campo Grande e Dourados, a partir do mês de agosto. A medida representará uma economia mensal de R$ 1,2 milhão aos cofres públicos, somente em folha de pagamento.
O anúncio oficial foi feito pela secretária Maria Cecília Amêndola da Motta, durante coletiva de imprensa nesta tarde, na sede da SED (Secretaria Estadual de Educação), na Capital.
“Desde o início do ano, o governo estadual vem se planejando para cortar gastos e conseguir honrar seus compromissos. Como nosso foco é a educação básica, decidimos pelo fechamento do centro de línguas”, explicou a gestora.
Ela lembrou que, na grade curricular na rede pública de ensino, já constam aulas de inglês e espanhol e que, em Campo Grande, sete estabelecimentos oferecem curso gratuito de Libras.
De acordo com a secretária, o CEL/MS possui hoje 825 alunos cadastrados no sistema, sendo 180 em Dourados. Desse total, 24% pertence ao público-alvo para frequentar as aulas, ou seja, estudantes do ensino médio e professores das redes municipal e estadual de ensino e bolsistas em escolas particulares.
Com o encerramento das atividades, os professores convocados serão desligados e os concursados transferidos para outros estabelecimentos. No total, 31 professores atuam no CEL na Capital e em Dourados. “A economia será superior a R$ 1,2 milhão, pois não estamos somando o gasto com água e luz, por exemplo”, informou.
Inaugurado em 2013, o CEL/MS foi criado com a finalidade de oferecer gratuitamente cursos de línguas estrangeiras, como inglês, espanhol, alemão, italiano, francês, e de Libras (Língua Brasileira de Sinais).
A decisão vem ao encontro do cancelamento do cursinho pré-vestibular do governo estadual, que também foi “limado” este ano. Maria Cecília adiantou que outra ação em prol da saúde financeira do Estado será a transferência de unidades que hoje funcionam em espaços alugados para prédios próprios.
Atualmente, a maioria das vagas, segundo a secretária, é ocupada pela população em geral, que pode se matricular quando há baixa procura pelo grupo prioritário.
“Também percebemos grande número de evasão. Alguns módulos de cursos como alemão, italiano, francês, tinham entre 4 e 13 alunos”, detalhou.
Números diferentes – Munidos de cartazes, alunos e professores do CEL/MS reivindicavam uma reunião com a secretária para entender os motivos do encerramento das atividades nas unidades.
“Estamos indignados com a forma como o encerramento das aulas foi informado. Porque é sempre assim, primeiro a ação depois a comunicação. Um desrespeito com alunos e professores”, disse Gêiser Barreto, professor de inglês.
Ele mostrou um levantamento de alunos matriculados até agosto deste ano, com total de 1.423 alunos em 68 turmas, incluindo a turma de haitianos. A previsão para setembro de novos matriculados, de acordo com esse mesmo levantamento, era de 1.365 alunos em 62 cursos.
“Não entendo porque os números não batem com os da secretaria. Queremos respostas”, cobrou.
“Cortar esse curso é cortar um sonho, pois sempre quis ser professora de inglês. Não tenho condições de pagar, assim como muita gente. Logo estarei na faculdade e continuar as aulas me ajudaria muito”, relatou Stheffanny Cuevas, 17, que frequentava o 4º módulo de inglês.
“Estamos mantendo contato por meio da direção do CEL/MS, que já explicou a todos os motivos a eles. Entende quem quer entender", pontuou a secretaria Maria Cecília, que confirmou receber os manifestantes em reunião ainda nesta quarta-feira (26).