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Cidades

Greve dos servidores federais faz cidadão enfrentar lentidão em MS

Paula Maciulevicius | 31/07/2012 15:34
Com a movimentação de greve da UFMS, corredores estão vazios e carteiras também. (Foto: Minamar Júnior)
Com a movimentação de greve da UFMS, corredores estão vazios e carteiras também. (Foto: Minamar Júnior)

Enquanto servidores aguardam negociação com o Governo Federal, é o cidadão quem está de braços cruzados, obrigatoriamente, à espera do reestabelecimento ou do atendimento nos órgãos em que o trabalho se mantém, mas com lentidão.

Em Mato Grosso do Sul, o decreto n° 7.776, baixado pela Presidência, recomendando aos ministros de Estado providências para a continuidade dos serviços e autorizando, inclusive a substituição de funcionários federais pelos servidores das administrações estaduais, parece não ter vingado.

Na região Sul do Estado, um empresário lida com o problema desde o início das movimentações pedindo reajuste salarial e melhores condições de trabalho, com a Receita Federal. Celso Braz de Oliveira Santos, 65 anos, conta que está com a mercadoria retida no posto da Receita Federal da fronteira, entre Mundo Novo e Salto Del Guará, no Paraguai há 50 dias.

“Eles estão num ritmo muito devagar. Fui até lá na sexta-feira levando o decreto que estabelecia agilidade, mas eles responderam dizendo que isso não cabia a eles, já que os auditores da Receita não estão em greve e sim operação padrão”, relata.

No Incra, serviço funciona parcialmente e quem depende do Instituto torce para conseguir resolver. (Foto: Minamar Júnior)
No Incra, serviço funciona parcialmente e quem depende do Instituto torce para conseguir resolver. (Foto: Minamar Júnior)

Celso tem uma fábrica de mantas e cobertas no Paraguai e precisava trazer a mercadoria para ser vendida no Brasil. O processo que geralmente demora até cinco dias, segundo ele está parado há 50 dias.

“Se vai reclamar eles dizem que estão analisando. O pátio está lotado e eles ficam fazendo corpo mole, retardando todos os processos. Não obedecem aos prazos”, completa.

O empresário conta ainda que está desde cinco dias após o prazo para a mercadoria entrar no País, pagando diária de R$ 150 ao motorista. “Eles num ritmo muito devagar e nós aqui pagando. É R$ 150 para caminhão pequeno e R$ 200 para carreta”, ressalta.

O sindicato dos auditores da Receita Federal confirma o já mencionado pelo empresário, de que não estão em greve. O representante Orlando Paulo de Arruda Machado, 51 anos, diz que a movimentação é operação padrão tanto na zona de fronteira quanto na secundária, voltada aos tributos.

“Estamos fazendo fiscalização com maior rigor e com todos os procedimentos que a lei permite”, explica o representante.

A operação padrão foi estabelecida desde o dia 18 de junho como forma de chamar a atenção do Governo Federal para o reajuste de 31% pedido pela categoria.

“Ela é contínua e por tempo indeterminado. Estamos exigindo documentação, aumenta a vistoria da mercadoria o que acaba na demora da liberação”, resume.

Além do reajuste salarial, os auditores pedem por melhores condições de trabalho, principalmente nos municípios de fronteira.

Hoje, enquanto os servidores se mobilizavam num ato unificado, o Campo Grande News percorreu parte dos órgãos. A maioria deles, o serviço funciona parcialmente, mantendo 30% do efetivo trabalhando.

Apesar da greve, estudante do 6º ano de Medicina diz que aulas e estágios estão normais e que não há preocupação com formatura nem provas de residência.
Apesar da greve, estudante do 6º ano de Medicina diz que aulas e estágios estão normais e que não há preocupação com formatura nem provas de residência.

Na Funai (Fundação Nacional do Índio), os serviços estão mantidos, mas só das 7h30 às 10h30. Segundo os servidores, o público indígena entende e não tem havido reclamações.

Quando a equipe chegou, apenas uma senhora havia acabado de sair. Ela foi até a Fundação para entrar com pedido de documentação de identificação indígena, mas vai ter de voltar outro dia.

No Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), onde os servidores estão de braços cruzados desde o dia 18 de junho, os serviços essenciais são mantidos em uma escala de revezamento para manter 30% do efetivo atendendo ao público.

À espera de atendimento, o advogado Joni Vieira Couto, 55 anos, estava ali só para o recadastramento de um imóvel rural. “O serviço fica prejudicado, porque tem pouca gente disponível para atender”, comenta. Mas ele não iria sair de lá sem fazer o serviço que precisava.

Na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), em greve desde o início de junho, os corredores vazios. Encontrar alunos lá é difícil, só mesmo quem foi tentar retirar alguma documentação nas secretarias acadêmicas, que já informam através de avisos que por conta da greve, o atendimento é só pela manhã.

O acadêmico de Administração Guilherme Nunes, 23 anos, fala que é bem provável que passe os meses de dezembro e janeiro repondo aulas, já que não existe o menor indício de quando a greve chega ao fim.

“Com certeza atrapalha muito. Você se programa para uma coisa e agora fica na dependência da greve”, completa.

O medo de que a paralisação atrapalhasse a formatura e também as provas de residência, o acadêmico do 6º ano de Medicina, Raphael Dantonio, 27 anos, agora está mais tranquilo.

“Para a gente não está afetando. A aula está normal, no começo nós conversamos com os professores, mas eles disseram que iam continuar e está tudo normal”, diz.

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