Greve pode tirar 900 policiais civis do trabalho em MS a partir de sexta-feira
Sem aceitar a proposta do governo, policiais civis de Mato Grosso do Sul iniciam greve na próxima sexta-feira, por tempo indeterminado. Paralisam as atividades 70% do efetivo, o que representa pouco mais de 900 profissionais, entre investigadores, escrivães e agentes de polícia científica. Ao todo, são 1,3 mil profissionais em todo Estado.
Também há a orientação para que policiais não utilizem viaturas em estado precário já a partir de hoje, cerca de 70% dos veículos, nas contas do sindicato da categoria.“Se a viatura colocar em risco nossos profissionais, a orientação é comunicar o chefe e não usar os carros”, diz o presidente do Sinpol (Sindicato dos Policiais Civis de Mato Grosso do Sul), Alexandre Barbosa da Silva.
A categoria, que quer reajuste de 25%, rejeitou o aumento salarial de 5% proposto pelo governador André Pucinelli (PMDB). Segundo o presidente, a briga não é só pela questão salarial, mas por outros problemas na estrutura de trabalho.
O governo chegou a aumentar a proposta para 7%, mas ainda assim não houve acordo com a categoria que no sábado chegou a fechar a avenida Assaf Trad em protesto.
“Não estamos brigando só por salário, mas também pela falta do efetivo. Hoje, a defasagem é de 1,2 mil policiais. Além disso, as viaturas estão precárias, vazando combustível e com pneu careca. Existem ainda várias denúncias que na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento ao Cidadão) centro, várias vezes o ônibus de transporte de presos quebrou. Isso demonstra a fragilidade do sistema”.
Nesta segunda-feira, o Sinpol já se prepara para comunicar os órgãos competentes sobre a greve. “Vamos agir dentro da legalidade e fazer o comunicado com 72 horas de antecedência”.
Barbosa ressalta que a greve será por tempo indeterminado e frisa que a redução de trabalho, diminui a produtividade na segurança Pública. “Vamos ficar em greve até que haja uma proposta decente. O trabalho dos policiais precisa ser valorizado. Estamos entre as 10 corporações mais produtivas do país ”.
Segundo ele, um acordo entre a categoria e o governo, estabelecido em 2010, formalizava a redução da diferença salarial entre os policiais civis e os delegados.
Hoje, a diferença chega a mais de 70%. No acordo, o Estado se comprometia a reduzir a cada ano, pelo menos, 1% da diferença. “Nós só recebemos 26% do salário de um advogado”, explica Barbosa.
Em 2011 e 2012, segundo o presidente da entidade, o governo cumpriu com o acordo, mas neste ano recuou da decisão.
Além disso, para o Sinpol, as negociações ficam ainda mais complicadas já que o governo ameaça extinguir a classe substituta (classe inicial), caso os policiais não aceitem o percentual proposto.
Barbosa explica que ao acabar com a classe inicial, o salário dos novos policiais, que deveria ser de R$ 2.361, passaria a ser o valor da terceira classe, que é de R$ 2,8 mil. “Isso é uma enganação, porque só prestigiaria quem acabou de entrar e não quem é de carreira. O governo quer mascarar para população, para as pessoas pensarem que o nosso salário aumentou, mas não será isso. É um golpe”.
Com o reajuste defendido pela categoria, o salário inicial, que é de R$ 2.361, subiria para R$ 3.800 até maio de 2014.
De acordo com um levantamento realizado pelo sindicato, os policiais civis do Estado recebem o 25º salário do País, ficando à frente apenas dos estados do Acre e Paraíba.
São 1,6 mil profissionais entre delegados, papiloscopistas, escrivães, investigadores, entre outros.