“Estamos rezando para que pior não aconteça”, diz dona de área invadida
O clima na Fazenda Esperança, invadida por um grupo de 500 índios na manhã desta sexta-feira (31) em Aquidauana, é tenso, segundo uma das donas da propriedade, Miriam Alves Corrêa. Os índios deram prazo de 24 horas para que o cunhado de Miriam, Nilton Carvalho da Silva Filho, a esposa e dois filhos adolescentes saiam da sede da fazenda.
A fazendeira disse ao Campo Grande News que todos estão assustados, pois o grupo que invadiu a fazenda é de sete aldeias da região. “Estamos com medo e rezando para que o pior não aconteça. Esse grupo não são os índios que estamos acostumados a conversar, eles não nos conhecem”, conta Miriam que está em Campo Grande.
De acordo com a dona, os índios disseram que se a família não sair da sede em 24 horas, o grupo não se responsabiliza pelos atos. O acesso à fazenda Esperança está bloqueado pelos indígenas e ninguém pode entrar na propriedade.
“Eles estão isolados, estamos tentando resolver as coisas daqui, mas está muito complicado”, explica Miriam. O advogado que representa a família, Sérgio Muritiba, afirma que um pedido de reintegração de posse será ingressado na Justiça Federal ainda hoje.
A fazendeira critica a ação da Funai (Fundação Nacional do Índio) em uma possível incitação à violência. “Esses índios são tratados como massa de manobra e o grande impasse é que a Funai não espera o resultado de nenhum julgamento e incita os índios. Tem gente querendo caos no campo”, afirma.
O delegado da Polícia Civil na cidade, Mário Donizete de Queiroz, afirma que um capataz da cidade procurou a polícia para registrar um boletim de ocorrência sobre a invasão. O caso será registrado como esbulho possessório e por se tratar de disputa de terras, o capataz foi orientado a levar uma cópia do registro para a Polícia Federal em Campo Grande.
Invasão – Os índios fazem parte de sete aldeias de Aquidauana e reivindicam a ampliação da terra indígena Taunay Ipegue. A briga judicial entre fazendeiros e o povo terena é muito parecida com a situação da Fazenda Buriti, em Sidrolândia, onde ocorreu o conflito ontem (30).
Em Aquidauana, os índios vivem em pouco mais de 6 mil hectares, mas lutam pela ampliação para 33 mil. Essa área já foi identificada como indígena por estudos antropológicos e abrange todo o distrito de Taunay, que hoje tem 93 imóveis.
Os índios que estão na fazenda Esperança vieram das aldeias Taunay, Ipegue, Colônia Nova, Água Branca, Imbirussu. Bananal e Lagoinha.