Alvo de operação, empresa vendeu fuzil até para traficante condenado e foragido
Caminhão foi usado para recolher munições e fuzis apreendidos na Federal Armas, em Dourados
Armas importadas legalmente pela empresa Federal Armas, mas comercializadas sem adotar os preceitos da lei, foram parar até nas mãos de um traficante de drogas condenado a 24 anos de reclusão. Nesta terça-feira (25), a empresa com sede em Dourados (a 251 km de Campo Grande) é alvo de operação do Dracco (Departamento de Repressão a Corrupção e ao Crime Organizado), da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul.
Na manhã de hoje, 50 policiais do Dracco, do GOI (Grupo de Operações de Investigações) e de delegacias da Polícia Civil saíram às ruas para cumprir mandados de busca e apreensão em Dourados e Ivinhema. O trabalho tem apoio da Polícia Federal, da Secretaria Estadual de Fazenda e do Exército Brasileiro.
Localizada na Avenida Hayel Bon Faker, na região sul de Dourados, a Federal Armas pertence a Claudinei Tolentino Marques, que também atua no setor engenharia e construção civil. Até um caminhão-furgão foi usado para carregar armas e munições de uso restrito apreendidas na loja.
Outros endereços ligados a Claudinei Tolentino, entre os quais uma mansão no condomínio de luxo Porto Madero e no residencial Maison Blanche, na área central de Dourados, foram vasculhados. Não havia mandado de prisão e ninguém foi preso em flagrante.
Em entrevista no local das apreensões, a delegada-chefe do Dracco, Ana Cláudia Medina, falou sobre a operação. Segundo ela, estão sendo cumpridos sete mandados em Dourados e um mandado em Ivinhema. Até agora, 27 fuzis foram apreendidos (veja o vídeo acima).
Segundo o Dracco, o objetivo das buscas é apreender armas de fogo de uso restrito, documentos e celulares. Durante ações de combate à corrupção e ao crime organizado no âmbito da Operação Hórus (operação permanente coordenada pelo Ministério da Justiça e que integra todas as forças policiais), o departamento constatou suposta prática criminosa envolvendo a Federal Armas.
“As recentes alterações do cenário normativo referentes à negociação de armas de fogo proibiram desde o mês de setembro de 2022 a venda de fuzil, porém, o que se constatou, foi que a loja alvo da operação policial manteve a comercialização das armas de calibre restrito após esse período, inclusive, efetivadas com diversas irregularidades que indicaram até a facilitação do acesso das armas de alto poderio de fogo por criminosos”, informa o Dracco.
Traficante – Ainda conforme a polícia, a investigação inicial mostrou que diversos fuzis vendidos no período foram negociados por valores extremamente baixos, indicando sonegação fiscal. “A situação se torna ainda mais sensível por se tratar de região de fronteira, que conta com a forte influência de facções criminosas nacionais e internacionais”.
O caso mais grave identificado até agora, segundo o Dracco, foi a venda de armas para um traficante de 38 anos de idade, procurado pela Justiça do Paraná e preso no início de junho deste ano em Balneário Camboriú (SC).
Condenado a 24 anos de reclusão por tráfico de drogas nacional e internacional e apontado como integrante de importante organização criminosa, o homem foi preso por policiais militares no centro da cidade litorânea.
Com ele foram encontrados um fuzil calibre 5,56, duas pistolas 9 milímetros, um revólver calibre 357, munições e R$ 40 mil em espécie. Segundo o Dracco, o armamento foi adquirido da empresa Federal Armas.
“Constatou se assim a gravidade dos crimes cometidos diante da rapidez na circulação do armamento que já havia, inclusive, atravessado nossas divisas, o que poderia estar ocorrendo com os demais fuzis vendidos em condições parecidas, permitindo assim acesso de poderio bélico ao crime organizado”, diz o Dracco.
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