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Interior

Apesar de aliados presos, prefeito diz que não é alvo do Gaeco

Operação Laços Ocultos investiga atos de corrupção nas duas gestões de Edinaldo Bandeira em Amambai

Por Helio de Freitas, de Dourados | 16/11/2023 15:28
O prefeito de Amambai, Edinaldo Luiz de Melo Bandeira; Gaeco investiga corrupção na prefeitura (Foto: Divulgação)
O prefeito de Amambai, Edinaldo Luiz de Melo Bandeira; Gaeco investiga corrupção na prefeitura (Foto: Divulgação)

O prefeito Edinaldo Luiz de Melo Bandeira (PSDB) afirmou na tarde desta quinta-feira (16) que não é alvo das investigações sobre esquema de corrupção montado na Prefeitura de Amambai, a 351 km de Campo Grande.

Hoje cedo, o Ministério Público de Mato Grosso do Sul deflagrou a Operação Laços Ocultos para cumprir seis mandados de prisão e 44 de busca e apreensão em Amambai, Naviraí, Campo Grande, Bela Vista e Itajaí (SC). Empresas, gabinetes na sede da Câmara e residências estavam entre os locais vasculhados.

Vereadores, secretários municipais, ex-secretários, servidores de carreira do município e empresários são acusados de montar esquema de fraude em licitações e superfaturamento de obras que teria faturado ao menos R$ 78 milhões nos últimos seis anos. No segundo mandato, Bandeira administra o município desde 1º de janeiro de 2017.

Em “nota de esclarecimento” divulgada pelo gabinete, a prefeitura informou que não foi feita nenhuma ação envolvendo o prefeito. Doutor Bandeira, como é conhecido, afirmou que só ficou sabendo da situação ao ser informado de que a prefeitura deveria permanecer fechada no transcorrer das diligências.

Segundo sua assessoria, Bandeira “prontamente se colocou à disposição dos órgãos de fiscalização e controle para possibilitar a regular apuração dos fatos, com a finalidade precípua de resguardar e bem gerir os recursos públicos”.

Ainda segundo a nota da prefeitura, equipes do Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção) e do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) fizeram buscas na Secretaria de Fazenda e nos departamentos de Licitação e de Engenharia, para apurar supostas práticas ilícitas na contratação de empresas de engenharia.

“Ressalte-se que os servidores municipais imediatamente franquearam o acesso a todos os órgãos, documentação e inspeção em computadores, bem como prestaram as explicações solicitadas acerca dos trâmites burocráticos para a contratação com o Poder Público Municipal, a fim de prontamente elucidar e apurar as responsabilidades por eventuais delitos em detrimento do erário municipal”, afirma a nota do gabinete do prefeito.

Vereadores – Segundo o Ministério Público, entre os seis alvos de mandados de prisão estão dois vereadores. Os nomes não foram divulgados, mas o Campo Grande News apurou que um deles é Valter Brito da Silva (PSDB).

No 9º mandato, Valter Brito foi vice-prefeito na primeira gestão de Edinaldo Bandeira (2017-2020) e atualmente é o líder do prefeito na Câmara Municipal. Político influente no município, é empresário do ramo de construção e pré-candidato a prefeito pelo PSDB em 2024.

Também seria alvo das investigações a engenheira Juscélia Barros Rodrigues, responsável pela parte de projetos e captação de recursos da prefeitura.

Outro engenheiro da prefeitura, Mauricio Sartoretto Martinez, 57, foi preso em flagrante por posse ilegal de três armas de fogo e munições, inclusive de fuzil calibre 7,62. Mauricio é um dos investigados e durante buscas na casa dele, policiais militares apreenderam o armamento.

A operação - A investigação do MP apura existência de organização criminosa voltada para a prática de corrupção ativa, corrupção passiva, peculato, fraude em licitações e contratos públicos, além de lavagem de dinheiro.

A organização criminosa atua há anos fraudando licitações de obras e serviços de engenharia em Amambai e outros municípios, principalmente por meio de empresas ligadas a familiares, com sócios até então ocultos.

Conforme o MP, perícia feita em obras públicas detectou superfaturamento e construções pela metade. Empresas ligadas ao grupo criminoso pagavam propina a agentes políticos e servidores públicos municipais para fazerem “vistas grossas” durante fiscalização das obras.

A operação contou com apoio operacional do Batalhão de Choque, do Bope (Batalhão de Operações Especiais), do DOF (Departamento de Operações de Fronteira) e da Força Tática da Polícia Militar. O nome da operação é devido ao vínculo oculto entre os investigados.

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