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Interior

Após anos de omissão, Incra discute situação de barragens em Sidrolândia

Audiência debateu medidas para evitar riscos em assentamento, após anos de negligência e cobrança judicial

Por Jhefferson Gamarra | 13/02/2025 17:20
Após anos de omissão, Incra discute situação de barragens em Sidrolândia
Moradores de assentamento durante audiência pública (Foto: Divulgação)

O Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) realizou, nesta quinta-feira (13), uma audiência pública no Assentamento Eldorado II, em Sidrolândia, a 70 quilômetros de Campo Grande, para debater a segurança das barragens da região. A iniciativa ocorreu após anos de omissão e uma decisão judicial que resultou no afastamento temporário do superintendente regional do Incra, Paulo Roberto da Silva, devido à falta de providências na manutenção das estruturas.

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O Incra realizou uma audiência pública no Assentamento Eldorado II, em Sidrolândia, para discutir a segurança das barragens locais, após anos de omissão e uma decisão judicial que afastou temporariamente o superintendente regional. A audiência, com a presença de 120 pessoas e representantes de várias entidades, visou apresentar o diagnóstico das barragens e discutir soluções. A situação das barragens foi alvo de uma Ação Civil Pública devido a riscos de rompimento. O Incra adotou medidas emergenciais e contratou estudos técnicos. A comunidade prefere a manutenção das represas com segurança garantida. O TRF3 reverteu o afastamento do superintendente, considerando a necessidade de sua atuação para resolver a situação.

A audiência teve como objetivo apresentar às famílias assentadas o diagnóstico da situação das barragens, expor as ações em andamento e discutir a melhor solução para os reservatórios. Participaram do evento representantes do Ministério Público Federal, Prefeitura de Sidrolândia, Defesa Civil, Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural), UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) e da empresa Tascon Engenharia Ltda, responsável pelos estudos técnicos contratados pelo Incra. Aproximadamente 120 pessoas estiveram presentes, incluindo agricultores, professores e líderes comunitários.

A situação das barragens do assentamento foi objeto de uma Ação Civil Pública movida pelo MPF, que apontou riscos iminentes de rompimento devido à falta de manutenção. Em decisão de setembro de 2024, o juiz Pedro Pereira dos Santos, da 4ª Vara Federal de Campo Grande, determinou o afastamento do superintendente do Incra em Mato Grosso do Sul e estipulou multas diárias para forçar a adoção de providências. O magistrado criticou duramente a omissão do órgão, relembrando que uma decisão judicial de 2020, que determinava a adoção de medidas de segurança, não havia sido cumprida.

A situação se agravou com a multa de R$ 43,8 milhões imposta ao Incra devido ao descumprimento das ordens judiciais. O juiz também dobrou o valor da multa diária, passando de R$ 10 mil para R$ 20 mil, e alertou que o próprio presidente nacional do Incra poderia ser afastado caso as providências não fossem tomadas.

Após anos de omissão, Incra discute situação de barragens em Sidrolândia
Uma das barragens do assentamento Eldorado, em Sidrolândia (Foto: José Pereira/SidroNews)

Diante da pressão judicial, o Incra adotou medidas emergenciais, como a redução do nível de água dos reservatórios para evitar risco de rompimento, além da contratação de uma empresa especializada para estudar a viabilidade do descomissionamento ou da recuperação das represas. Durante a audiência, foi apresentada a metodologia dos estudos técnicos e os projetos em discussão.

A comunidade manifestou preferência pela manutenção das represas, desde que medidas corretivas sejam implementadas para garantir a segurança da estrutura. O Incra e a Prefeitura Municipal informaram que, dentro das limitações legais e orçamentárias, buscarão atender ao desejo da comunidade, desde que haja participação ativa dos assentados na gestão e manutenção das barragens.

Atualmente, as represas do assentamento apresentam volume de água reduzido, mesmo durante o período chuvoso. A construção de canais extravasores e a abertura permanente das comportas são algumas das medidas adotadas para minimizar os riscos. Após a audiência, representantes das instituições envolvidas realizaram uma visita técnica para avaliar a situação in loco.

Apesar da decisão judicial que afastou o superintendente Paulo Roberto da Silva, o Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3) reverteu a decisão e determinou sua recondução ao cargo no mês seguinte ao afastamento. O Incra argumentou que a exigência de apresentação de um projeto de desativação em 15 dias e início das obras em outros 15 era materialmente impossível de ser cumprida, dado o tempo necessário para estudos técnicos e a análise de órgãos competentes, como o Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul).

À época, o Incra também afirmou que alocou R$ 120 mil para a contratação do Plano de Descomissionamento das barragens e que já tomou medidas para reduzir os riscos, como a implantação de um canal extravasador. A desembargadora Leila Paiva Morrison considerou que o afastamento do superintendente dificultaria a adoção das providências necessárias e, por isso, determinou sua recondução ao cargo.

Criado pelo Incra em 2005, o Assentamento Eldorado II possui 9,6 mil hectares e abriga 777 famílias, das quais 67 vivem nas proximidades das represas. As barragens, construídas na área, podem inundar até 92 hectares. A produção local inclui grãos como soja, milho e feijão, além de mandioca, gado leiteiro e pequenos animais para subsistência.

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