Com gritos em plenário e vaias do povo, vereadores abandonam sessão
Sessão extraordinária foi encerrada sem votar mudança no Regimento Interno para permitir troca de vereadores presos na chapa que disputa presidência do Legislativo
Mais uma sessão extraordinária terminou em tumulto na Câmara de Vereadores de Dourados, cidade a 233 km de Campo Grande. Convocada às pressas após a Justiça determinar votação em plenário para mudar o Regimento Interno e permitir substituição de nomes de uma das chapas inscritas para a eleição da Mesa Diretora, a sessão foi encerrada após nove vereadores deixarem o plenário.
Liderado pelos vereadores Alberto Alves dos Santos, o Bebeto (PDT) e Junior Rodrigues (PR), o grupo anunciou obstrução. Sem quórum para discutir a mudança no regimento, a presidente da Casa Daniela Hall (PSD) encerrou a sessão extraordinária. Manifestantes presentes na sessão vaiaram os vereadores quando eles deixavam o plenário.
Daniela explicou que a sessão seria apenas para discutir e votar a mudança no Regimento Interno e permitir a substituição do candidato a presidente da chapa “Legislativo Forte”, Pedro Pepa (DEM), e do candidato a segundo-secretário Pastor Cirilo Ramão (MDB), que estão presos.
Entretanto, a base aliada da prefeita Délia Razuk (PR) queria discutir a mudança no regimento e já fazer a eleição da mesa – manobra rechaçada por Daniela Hall.
Em protesto, deixaram o plenário Jânio Miguel (PR), Júnior Rodrigues, Bebeto, Cido Medeiros (DEM), Romualdo Ramin (PDT), Carlito do Gás (Patriota), Silas Zanata (PPS), Juarez de Oliveira (MDB) e Maurício Lemes (PSB).
Antes do encerramento, houve bate-boca de Daniela com Bebeto e Mauricio Lemes Soares (PSB), empossado ontem na vaga de Idenor Machado – também preso na Operação Cifra Negra.
Bebeto, que tenta ocupar o lugar de Pedro Pepa como candidato a presidente, chegou a se alterar e falar em voz alta que a presidente estava descumprindo o Regimento Interno ao não permitir interferência dos vereadores através do recurso “questão de ordem”.
O vereador Elias Ishy (PT) chamou de casuísmo a tentativa de mudar o Regimento Interno para permitir a substituição de nomes na chapa após o prazo legal – encerrado no dia 5 deste mês.
Segundo ele, a obstrução foi uma estratégia, já que o grupo rebelado sabe que são necessários dez votos para mudar o Regimento Interno.
Sem Pepa e Cirilo Ramão – Idenor pediu afastamento e já foi substituído por outro aliado de Delia – a tropa de choque da prefeita tem nove vereadores e a oposição, oito.
O “grupo dos nove” marcou para 13h30 uma entrevista coletiva para explicar o motivo da obstrução.
A Câmara ainda não informou se haverá nova sessão extraordinária para tentar mudar o Regimento Interno. A sessão para a eleição também não tem data definida.