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Interior

Criança que morreu engasgada foi enterrada no dia do aniversário do pai

O menino comia um pedaço de bolo enquanto lanchava na tarde de segunda-feira e morreu

Por Viviane Oliveira | 05/06/2024 09:48
João Lucas no primeiro dia de aula (Foto: arquivo familiar)
João Lucas no primeiro dia de aula (Foto: arquivo familiar)

João Lucas Facchini Ferraz, de 3 anos, que morreu engasgado com pedaço de bolo enquanto lanchava na creche, foi enterrado no dia em que o pai, Lucas Facchini, completou 33 anos. “Ontem foi o aniversário do pai dele. O dia que enterramos o nosso filho”, disse a mãe Maluany Dias Ferraz, 32 anos.

A criança morreu na tarde de segunda-feira (3) no Cmei (Centro Municipal de Educação Infantil) Juracy Lucas, na Vila Pernambuco, em Cassilândia, cidade a 419 quilômetros de Campo Grande. No momento do incidente, um profissional da unidade escolar aplicou técnicas de primeiros socorros. A criança chegou a ser levada para o Hospital Santa Casa, mas não resistiu.

Os pais, ainda em choque com o ocorrido, acreditam que demoraram para perceber que a criança havia se engasgado. “Foi uma fatalidade. A gente sabe que foi. Mas deram o lanche e saíram de perto. “Quando foram ver ele já tinha caído no chão, estava roxo. Já não tinha mais o que fazer. Acredito que se tivessem visto antes, na hora que ele começou a passar mal, tinham salvado meu filho”, relatou o pai, que no momento em que recebeu a notícia trabalhava em Chapadão do Sul.

A família afirma que na sala de Lucas eram cerca de 20 crianças, tinham de 3 a 4 cuidadoras e só a sala deles lanchavam naquele momento. A mãe, que tem mais dois filhos de 5 e 9 anos, lembra que João Lucas, o caçula, entrou no Cmei em março e gostava muito da escola.

“Havia acabado de comprar uma mochila de dinossauro, que ele adorava. Estava todo feliz, com o cabelo arrumadinho, de uniforme. Ele era a minha vida, chegava para buscá-lo, ele vinha correndo falando: “Mamãe”, contou.

Segundo Maluany, também estava trabalhando quando o irmão foi buscá-la informando que João Lucas havia passado mal na escola. No hospital, a mãe foi recebida por uma das funcionárias da escola dizendo que o menino estava comendo bolo, quando começou a se engasgar, mas que ele ficaria bem. “Quando olhei para o lado eu vi outra professora sentada no chão e chorando muito. Percebi ali que algo de muito grave havia acontecido. O médico disse que fez de tudo para salvá-lo”.

O menino foi sepultado ontem. A prefeitura da cidade publicou nota de pesar, lamentando o ocorrido e decretando luto oficial de três dias (4, 5 e 6 de junho). Também foi cancelada uma audiência pública que ocorreria na Câmara Municipal.

O procurador jurídico da prefeitura de Cassilândia, Donizete Cadete, disse em entrevista à rádio Rotativa no Ar do município de que foi uma fatalidade e não há  explicação de forma direta. Vamos abrir uma PAD (Procedimento Administrativo Disciplinar) para saber se houve responsabilidade por parte de algum servidor. Os funcionários da creche estão todos abalados. É lamentável, é uma dor muito grande", afirmou. O caso foi registrado na Polícia Civil e segue sob investigação. O laudo que vai apontar a causa da morte da criança deve ficar pronto em 10 dias.

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