Donos de loja badalada serão julgados em março por lavagem de dinheiro
São nove réus no âmbito da Operação Prime, entre eles Marcel Martins da Silva, que segue preso
A juíza Franscielle Martins Gomes Medeiros, da 5ª Vara Federal em Campo Grande, marcou para março deste ano as audiências para depoimento e julgamento de nove réus no âmbito da Operação Prime.
RESUMO
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A Operação Prime, deflagrada pela Polícia Federal em maio do ano passado, investiga um esquema de lavagem de dinheiro ligado ao tráfico internacional de cocaína, envolvendo os irmãos Marcel e Valter Martins da Silva. Marcel, atualmente preso, é acusado de liderar a organização e acumulou um patrimônio de pelo menos R$ 100 milhões em menos de três anos, mesmo após condenações anteriores na Operação Enigma. As audiências para o julgamento de nove réus estão marcadas para março de 2025, com a participação de testemunhas e réus, sendo que Valter, foragido, não faz parte deste processo. A investigação revela que Marcel mantinha registros de seu patrimônio em nuvem, incluindo imóveis de alto valor no Brasil e no Paraguai, supostamente financiados pelo tráfico de drogas em parceria com a facção PCC.
Deflagrada pela Polícia Federal em maio do ano passado contra organização acusada de lavar dinheiro do tráfico internacional de cocaína, a operação mirou esquema milionário controlado pelos irmãos Marcel Martins da Silva, que segue preso, e Valter Ulisses Martins Silva (foragido).
Marcel Martins da Silva é dono da Primeira Linha Acabamentos, balada loja de materiais de construção de alto padrão, localizada em Dourados, a 251 km de Campo Grande. O sócio dele e fundador da loja, Carlos José Alencar Rodrigues, o “Carlinhos”, está na lista de réus. Ele também segue preso.
Entre os outros réus estão Éder Mathias Bocskor, Wagner Germany, Paulo Antonio da Silva Viana e Vagner Antonio Rodrigues de Moraes – todos recolhidos em presídios de Mato Grosso do Sul e de Santa Catarina, onde foram capturados no dia da operação.
As audiências ocorrerão nos dias 12, 13, 21, 28 e 31 de março de 2025. Nos dias 12 e 13 serão ouvidas as testemunhas de acusação, entre as quais os policiais federais que participaram das investigações.
No dia 21 serão ouvidas as testemunhas de acusação remanescentes e as testemunhas de defesa de todos os réus. Nos dias 28 e 31 de março ocorrerá o depoimento de testemunhas de defesa faltantes (se houver), e o interrogatório dos réus.
A juíza determinou que as audiências ocorram de forma presencial, com exceção de réus presos e testemunhas residentes em outras cidades, que poderão participar por videoconferência. Como a denúncia contra Valter Ulisses foi desmembrada por causa da fuga, ele não faz parte desse processo.
Milionário – Acusado de liderar o esquema internacional de tráfico de drogas, Marcel Martins da Silva amealhou patrimônio de pelo menos R$ 100 milhões em menos de três anos. Ele segue recolhido na Penitenciária Gameleira 2, em Campo Grande.
Conforme a denúncia do MPF (Ministério Público Federal), o “milagre da multiplicação” da riqueza dos Martins ocorreu após Marcel, Valter e o pai serem presos e condenados no âmbito da Operação Enigma, deflagrada pela PF em 2017 contra esquema de tráfico baseado em Curitiba e outras cidades paranaenses.
Após cumprir pena, os irmãos se instalaram em Dourados, onde se tornaram sócios de empresas no ramo de obras e materiais de construção. Mesmo com o patrimônio bloqueado judicialmente na Operação Enigma, a fortuna dos Martins cresceu exponencialmente após se instalarem em Mato Grosso do Sul. A investigação da PF afirma que o dinheiro veio do comércio de cocaína, supostamente em sociedade com a facção PCC (Primeiro Comando da Capital).
Detalhes das investigações revelam que Marcel Martins Silva armazenava em nuvem a lista de seu milionário patrimônio, considerado “lícito”. No arquivo, constam imóveis no Paraná, terrenos e casas de alto padrão em condomínios de luxo em Dourados, apartamentos em Campo Grande e nos litorais de Santa Catarina e Bahia.
Também fazem parte da lista os imóveis urbanos e rurais comprados por Marcel Martins em território paraguaio. Um deles é prédio localizado no centro de Pedro Juan Caballero, avaliado em 5 milhões de dólares.
A anotação encontrada em nuvem (arquivos armazenados de forma online) revelou que Marcel Martins Silva tem R$ 35,4 milhões em imóveis e veículos no Brasil; 10 milhões de dólares em imóveis no Paraguai; R$ 16,5 milhões em cotas nas empresas das quais é sócio e 1,9 milhão de dólares em créditos a receber de outros envolvidos no esquema.
“Sem mencionar a possível ilicitude no recebimento de cada um destes rendimentos, ainda que Marcel e família (esposa e dois filhos) não tivessem qualquer despesa ao longo dos meses, seriam necessários mais de 100 anos para que se atingisse o montante de R$ 115 milhões”, diz trecho da denúncia, recebida pela Justiça Federal.
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