ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
SETEMBRO, TERÇA  10    CAMPO GRANDE 36º

Interior

Acusado de liderar tráfico, empresário acumula patrimônio de R$ 100 milhões

Milionário “do dia para a noite”, Marcel Martins está preso, esposa em liberdade e irmão foragido

Por Helio de Freitas, de Dourados | 10/09/2024 10:18
Marcel Martins, que segue preso, e a esposa Evelyn, também ré pelos crimes (Foto: Reprodução)
Marcel Martins, que segue preso, e a esposa Evelyn, também ré pelos crimes (Foto: Reprodução)

Preso há quase quatro meses acusado de liderar esquema internacional de tráfico de drogas, o empresário douradense Marcel Martins da Silva, 35, amealhou patrimônio de pelo menos R$ 100 milhões em menos de três anos.

Os dados fazem parte das investigações da Operação Prime, deflagrada pela Polícia Federal. Marcel, a esposa Evelyn Zobiole Marinelli Martins, outros empresários e vários outros integrantes da organização foram presos em 15 de maio deste ano.

A mulher está em liberdade provisória, outros acusados já foram soltos, mas Marcel segue recolhido na Penitenciária Gameleira 2, em Campo Grande. Valter Ulisses Martins Silva, 27, irmão de Marcel e o segundo na linha de comando, segue foragido.

Conforme a denúncia do MPF (Ministério Público Federal) contra a organização, o “milagre da multiplicação” da riqueza dos Martins ocorreu após Marcel, Valter e o pai serem presos e condenados no âmbito da Operação Enigma, deflagrada pela PF em 2017 contra esquema de tráfico baseado em Curitiba e outras cidades paranaenses.

Após cumprir pena, os irmãos se instalaram em Dourados, onde se tornaram sócios de empresas no ramo de obras e materiais de construção. Mesmo com o patrimônio bloqueado judicialmente na Operação Enigma, a fortuna dos Martins cresceu exponencialmente após se instalarem em Mato Grosso do Sul. A investigação da PF afirma que o dinheiro veio do comércio de cocaína, supostamente em sociedade com a facção PCC (Primeiro Comando da Capital).

Valter Ulisses Martins Silva, irmão de Marcel; ele segue foragido (Foto: Reprodução)
Valter Ulisses Martins Silva, irmão de Marcel; ele segue foragido (Foto: Reprodução)

Em nuvem – Detalhes das investigações revelam que Marcel Martins Silva armazenava em nuvem a lista de seu milionário patrimônio, considerado “lícito”.

No arquivo, recuperado pela PF após quebra de sigilo determinado pela Justiça Federal, constam imóveis no Paraná, terrenos e casas de alto padrão em condomínios de luxo em Dourados, apartamentos em Campo Grande e nos litorais de Santa Catarina e Bahia.

Também fazem parte da lista os imóveis urbanos e rurais comprados por Marcel Martins em território paraguaio. Um deles é prédio localizado no centro de Pedro Juan Caballero, avaliado em 5 milhões de dólares.

Segundo a investigação, a anotação encontrada em nuvem (arquivos armazenados de forma online) revelou que Marcel Martins Silva tem R$ 35,4 milhões em imóveis e veículos no Brasil; 10 milhões de dólares em imóveis no Paraguai; R$ 16,5 milhões em cotas nas empresas das quais é sócio e 1,9 milhão de dólares em créditos a receber de outros envolvidos no esquema, um deles Antonio Joaquim Mendes da Mota, o “Motinha”.

Alvo de mandados de prisão em três operações da Polícia Federal, “Motinha” segue foragido. Em duas oportunidades, ele escapou do cerco da PF fugindo de helicóptero.

“Sem mencionar a possível ilicitude no recebimento de cada um destes rendimentos, ainda que Marcel e família (esposa e dois filhos) não tivessem qualquer despesa ao longo dos meses, seriam necessários mais de 100 anos para que se atingisse o montante de R$ 115 milhões. Se é impossível matematicamente a obtenção de uma fortuna estimada em 100 milhões de reais a partir de patrimônio totalmente bloqueado judicialmente, como se explicaria a obtenção de tantos bens por Marcel Martins e sua família?”, diz trecho da denúncia do MPF.

Conforme a investigação, a explicação parece óbvia: grande parte do patrimônio já pertencia a Marcel quando foi deflagrada a Operação Enigma, “não tendo sido abarcada pela ordem de bloqueio por estar oculta em nome de terceiros”.

Ainda segundo a denúncia, as investigações mostraram que Marcel e Valter Ulisses continuaram obtendo proventos das atividades de tráfico de drogas e incluindo a renda ao patrimônio da família.

No final do mês passado, a juíza substituta da 5ª Vara Federal em Campo Grande, Franscielle Martins Gomes Medeiros, rejeitou a denúncia contra os irmãos Marcel e Valter por tráfico de drogas, mas os tornou réus por lavagem de dinheiro e organização criminosa. Evelyn Martins e outros 11 investigados também são réus no mesmo processo.

Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.

Nos siga no Google Notícias