Dourados é “ponto nevrálgico” do narcotráfico, diz delegado da PF
Segundo chefe do combate ao crime organizado em Mato Grosso do Sul, Dourados é escolhida pelos “barões do tráfico” por ser a maior e mais estruturada cidade da região e por chamar menos atenção
Dourados, a 233 km de Campo Grande e a 120 km da fronteira com o Paraguai, virou “paraíso” dos barões do tráfico que antes tinham como base as cidades de Ponta Porã, Aral Moreira, Amambai e Coronel Sapucaia.
Maior e mais estruturada cidade do interior de Mato Grosso do Sul a integrar a rota de maconha e cocaína, que agora também passa pelo Paraguai, Dourados é, segundo palavras do delegado Cleo Mazzotti, uma base estratégica para os “patrões”, os donos dos grandes carregamentos de drogas que deixam Mato Grosso do Sul levados por “mulas” – pessoas contratadas para carregar entorpecente e que geralmente são as únicas a pagarem pelo crime.
“Dourados é um ponto nevrálgico importantíssimo em Mato Grosso do Sul, tanto para passagem de drogas quanto para sediar organizações criminosas, porque é uma cidade grande, uma cidade estruturada, que tem muitas empresas e não é caracterizada no resto do país como uma cidade que chama atenção, como é o caso de Ponta Porã. Por exemplo: um caminhão saindo de Dourados não chama tanta atenção como um caminhão com placa de Ponta Porã”, afirmou Mazzotti.
Segundo o delegado, a mesma situação acontece com empresas douradenses, usadas como fachada para carregamentos de drogas e lavagem de dinheiro.
Durante a Operação Matterello, realizada nesta terça-feira (2), um empresário douradense foi preso acusado de participar da organização criminosa baseada em Ponta Porã e Aral Moreira e que tinha ramificações em outras cidades de Mato Grosso do Sul, em Mato Grosso, em São Paulo, Paraná e Recife (PE).
O nome dele, assim como das outras 30 pessoas que tiveram a prisão preventiva decretada – 20 presas e outras 11 ainda foragidas – não foi divulgado.