Em greve, professores protestam na Câmara e tocam bumbo nos gabinetes
Grevistas entraram no prédio da Câmara de Dourados, foram até o corredor da presidência, mas saíram em seguida; professores querem CPI para investigar recursos da educação
Em greve há duas semanas, professores e servidores administrativos de escolas municipais de Dourados, cidade a 233 km de Campo Grande, protestaram hoje (7) na Câmara de Vereadores. Liderados pelo Simted (Sindicato Municipal dos Trabalhadores em Educação), dezenas de grevistas se concentraram em frente à sede do Legislativo, na Avenida Marcelino Pires.
Eles entraram no prédio, subiram até o bloco dos gabinetes e passaram por todas as salas dos vereadores e da presidência, fazendo barulho com bumbo, tambor e apito. Como não tinha nenhum vereador no local os grevistas saíram em seguida e fizeram uma caminhada até o shopping Avenida Center.
De acordo com a assessoria de imprensa do sindicato, ainda nesta manhã os representantes dos grevistas voltam à Câmara para uma reunião na Comissão de Educação do Legislativo.
Os educadores cobram a instalação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar a aplicação dos recursos da educação em Dourados.
A presidente do Simted, Gleice Jane Barbosa, disse que a análise dos números do orçamento da prefeitura, feita por um especialista trazido pelo sindicato, comprova que o município tem condições de implantar o piso nacional do magistério para 20 horas semanais (atualmente o piso é pago para 40 horas semanais) e de conceder o reajuste para os servidores administrativos – o que não é feito há dois anos.
De acordo com o Simted, a prefeitura tinha feito compromisso de adotar essas melhorias agora. A greve foi iniciada porque o acordo não teria sido cumprido, segundo o sindicato.
Dourados tem pelo menos 28 mil estudantes em 45 escolas e 40 centros de educação infantil municipal. O Simted afirma que 22 escolas estão sem aula por causa da greve, mas nas unidades de educação infantil a paralisação não afetou o funcionamento. As férias de julho começam amanhã. São quatro mil servidores da concursados na educação municipal de Dourados.
Sem negociação - A prefeitura mantém a decisão de só negociar com os grevistas após o fim da paralisação. De acordo com interlocutores do prefeito Murilo Zauith (PSB), a greve prejudica os alunos, os pais e os servidores que não aderiram. Conforme a prefeitura, os professores receberam 11,30% de reajuste neste ano.